Psicoterapia ajuda jovens a enfrentar a pressão do Enem e da escolha profissional
Por Beatriz Pires em 10/11/2024 às 07:00
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tem o segundo dia de provas neste domingo (10), marca uma fase decisiva na vida dos jovens e gera tensão e incertezas. Esse período de transição, em que a escolha profissional começa a tomar forma, pode se transformar em uma experiência desafiadora e emocionalmente exaustiva. Para ajudar os estudantes, algumas escolas têm incentivado o uso de psicoterapia e outras práticas de autoconhecimento, como palestras e rodas de conversa para oferecer suporte essencial aos estudantes.
“A terapia ou o aconselhamento psicológico podem ser aliados nessa fase repleta de decisões e pressões. Eles proporcionam autoconhecimento, desenvolvendo mais equilíbrio emocional para lidar com alegrias, frustrações, conquistas, foco, e até o que a pessoa desejar e se permitir”, explica a psicóloga e orientadora vocacional Ana Beatriz Rodrigues.
Pressão pelo sucesso
O Enem, uma das provas mais tradicionais do país, é a porta de entrada para universidades públicas e privadas, aumentando ainda mais a pressão sobre os estudantes. A carga emocional desta fase pode desencadear problemas como crises de ansiedade, ataques de pânico e até depressão. Para muitos jovens, o medo de não ingressar no curso dos sonhos ou de não corresponder às expectativas sociais causa um grande impacto emocional.
“Incentivamos os alunos a explorarem suas habilidades e interesses sem medo de julgamento. Queremos que se sintam seguros para fazer suas escolhas com consciência”, ressalta a orientadora educacional Eldirlaya Framiglio, do Colégio Santa Cecília.
A orientadora defende que equilibrar o foco nos estudos com a reflexão sobre a vocação é crucial. A escola promove essa harmonia através de atividades pedagógicas que fortalecem tanto a preparação técnica quanto o autoconhecimento.
Equilíbrio entre sucesso e autoconhecimento
Outro fator que dificulta essa etapa é a escolha da profissão. Questões como paixão, condição financeira e expectativa de uma vida confortável no futuro influenciam a decisão. Além disso, há aqueles que escolhem carreiras com base nas pontuações exigidas, sem afinidade real com o curso, o que eleva os riscos de insatisfação e desmotivação. A falta de autoconhecimento e de orientação profissional pode levar ao desenvolvimento de problemas emocionais mais sérios.
“A sociedade nos pressiona a decidir o que queremos para o ‘resto’ da vida, o que me preocupa muito. Essa cobrança precoce desconsidera as diferentes fases da vida e pode levar os jovens a pularem etapas importantes. Precisamos nos permitir viver o presente sem tanta pressão”, destaca Ana Beatriz.
A psicóloga recomenda a psicoterapia como uma ferramenta de autoconhecimento e alinhamento dos objetivos, além da realização de testes vocacionais desde o início do ensino médio. Técnicas como respiração diafragmática, manutenção da higiene do sono, planejamento semanal, prática de atividades físicas e exercícios de atenção plena também são sugeridas para ajudar os jovens a enfrentar esse período com mais equilíbrio e clareza.
Apoio familiar e papel das escolas na jornada dos estudantes
O papel da família é fundamental tanto na escolha da carreira quanto na preparação para o Enem. Escolas como a Santa Cecília oferecem orientação aos pais para que eles proporcionem um ambiente equilibrado, respeitando momentos de descanso e lazer dos filhos. Encontros também são promovidos para que as famílias conheçam melhor as opções de cursos e aprendam a apoiar os jovens durante essa fase de escolhas.
“Incluímos no currículo disciplinas como o Projeto de Vida, que incentivam o autoconhecimento e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, ajudando os jovens a refletirem sobre o que realmente desejam para o futuro”, conclui a orientadora Eldirlaya.