Jovem cria projeto para arrecadar livros e ajudar nos estudos e na leitura

“Livros nos fazem crescer muito como humanos e cidadãos, estimulando a criatividade, o cognitivo, a ética, entender diferentes pontos de vista e realidades. É a porta de entrada para um mundo novo, sabe? Eu sou quem eu sou hoje por conta de diferentes livros”, conta Fernanda Bogue, de 19 anos, designer e escritora desde os 11, mesma época em que escreveu seu primeiro livro.

Essa relação foi um dos motivos da criação do Projeto Educalizando, que tem como objetivo doar livros didáticos e paradidáticos a quem não tem acesso e precisa estudar ou simplesmente quer adentrar o mundo da literatura.

A ideia principal surgiu após Fernanda começar vários trabalhos voluntários no ano passado. Ela começou a trabalhar como design gráfica na ONG Fly Educação, onde ensinam educação socioemocional para jovens da periferia paulista. “Além de me ensinarem a co-liderança através das reuniões, me senti mais confiante e saí da minha zona de conforto”, relata.

Ao perceber a importância da educação, Fernanda começou a participar de outros trabalhos voluntários. Fernanda e a amiga Silvia, do Rio de Janeiro, foram embaixadoras no Brasil da ONG australiana World Literacy Foundation, que tem como objetivo acabar com o analfabetismo e incentivar a leitura. Sendo embaixadora, precisavam fazer um evento. “Não queria fazer só um evento, de um dia, sabe? Decidimos realmente lançar um projeto social.”

A partir daí, animada, decidiu começar o próprio projeto, impactando pessoas da região onde mora, aqui na Baixada Santista. Silvia faz a parte dela no Rio de Janeiro e em Saquarema, enquanto Fernanda atua em Santos e São Vicente. “Ficamos muito tocadas quando vimos histórias como do Fred Ramon, que passou em nove faculdades americanas e precisou pegar livros do lixo para estudar. Isso não é justo, todos devem ter acesso à educação, é um direito humano”, declara.

Doações

O trabalho começou há um mês. Com a divulgação em uma página no Facebook, em quatro dias, Fernanda chegou a arrecadar 676 livros. Agora, são 826, mas Fernanda conta que irão receber muito mais por conta da parceria do projeto com a escola Maria Luiza Alonso Silva (um dos pontos de arrecadação) com o grêmio geração virtual.

São aceitos vários tipos de livros, infantis, ficção, não-ficção, gibis e hqs, paradidáticos e didáticos, em boa condição. Eles serão doados para abrigos, orfanatos, cursinhos pré-vestibular, bibliotecas e escolas municipais da região.

“A questão é darmos acesso à educação para comunidades carentes. Nós temos acesso tão fácil à literatura que muitas vezes não valorizamos e deixamos guardado em casa, ou até mesmo jogamos fora”, diz.

Fernanda conta que nesta quinta-feira (30) foi até a Secretaria da Educação de São Vicente e irá participar de um evento para contar histórias para crianças, levando os livros que foram doados. O evento “Circuito Socio-Educacional” será nos dias 4 e 5 de agosto na escola EMEIF Nilton Ribeiro, no bairro Japuí. A escritora e designer deve também trabalhar em conjunto com a Secretaria, pois acabou descobrindo novas demandas. “Onde me chamarem e estiverem precisando, eu vou.”

Por conta da agenda e das chuvas, as entregas ainda não começaram, mas já há previsão para começar nesta segunda (2). “Além de tudo ter acontecido tão rápido, em questão de uma semana, não imaginei que tanta gente ia ajudar”, comenta. Em um post em um grupo no Facebook, foram 173 comentários e 83 compartilhamentos.

Para doar, basta entrar em contato pelo Instagram do projeto. A partir daí, é combinado onde será feita a entrega. Por enquanto o ponto de arrecadação disponível é no baú de livros paradidáticos da escola Nilton Ribeiro, que irá sediar o evento. Em Santos, outro ponto é a escola Maria Luisa Afonso Silva, e quem recebe é Fernanda. A respeito do conteúdo, são aceitos livros de ficção e não-ficção (como biografias), mas evitados livros de fotografia e temática adulta.