Preconceito: Adoção de animais pretos é mais difícil e carregada de estigmas

Por Marcela Ferreira/#Santaportal em 22/02/2021 às 06:28

ADOÇÃO – Adotar um pet é sempre um momento de alegria para a família. A escolha do novo amigo, seja cão ou gato, é sempre feita com base naquele animal com quem nos identificamos, seja pelo olhar pidão ou pela personalidade. Os animais de pelagem escura, no entanto, são os que mais ficam para trás na hora de serem adotados.

A Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida), em Santos, já chegou a criar um jeito especial de expor os cães e gatos pretos para a adoção, o ‘Black Saturday’. A ação consiste em um evento virtual, em que animais com pelo escuro são publicados na página do Instagram da Codevida, chamando os interessados em adotar.

O evento aconteceu em 2020 e foi um sucesso. Flavia Barros Feitosa, que atua no órgão municipal, conta que o preconceito com a cor preta, para a maioria das pessoas, pode estar relacionado ao comportamento do animal. “Algumas pessoas relacionam com a agressividade, ou até acreditam que sejam animais que trazem má sorte, no caso dos gatos”, explica.

Ela diz que mais campanhas voltadas para a adoção destes animais são esperadas para este ano na Codevida. “Muitas pessoas se sensibilizaram e se interessaram em conhecer e até adotar animais da cor preta. Divulgando, nós procuramos mostrar que o preconceito não tem qualquer base comportamental e que todos os animais merecem as mesmas oportunidades”, completa.

Leila Abreu, que atualmente é presidente da ONG Viva Bicho, em Santos, foi a criadora da campanha de adoção de animais pretos enquanto atuou na Codevida. Ela conta que o preconceito com os animais pretos vem da falta de contraste entre os olhos do animal e o pelo. 

“Segundo estudos científicos, as pessoas se impactam com o olhar dos animais. No caso dos cães pretos, a falta de contraste entre os olhos e a cor preta, seria uma das razões detectadas. O preconceito no Brasil ainda é acentuado por ser considerado um cão “muito comum”. Os cães claros são muito mais procurados. É racismo sim”, ela diz.

Apesar do estigma de ‘má sorte’, Leila afirma que, na ONG onde trabalha, os gatos pretos costumam ser bem adotados. “Agora, os gatos frajolas [pretos e brancos] são os que ‘encalham’”, ela revela.

Sobre a campanha realizada na Codevida, ela relembra que a recepção foi excelente. “Muitos chegaram e disseram querer um cão preto para ajudar a derrubar preconceitos”, finaliza.

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