"O exame da Covid-19 se tornou uma coisa essencial", diz proprietário do Laboratório Cellula Mater
Por Ted Sartori/#Santaportal em 21/05/2020 às 10:12
CORONAVÍRUS – Carlos Eduardo Pires de Campos, proprietário do Cellula Mater Laboratório de Análises Clínicas, participou hoje do Bom Dia Cidades, da Santa Cecília TV. O biomédico também conversou com o #Santaportal sobre a parceria com a Unisanta que promoverá testes rápidos para Covid-19 de segunda-feira (25) até 30 de maio, das 8 às 16 horas, no estacionamento da Universidade, com entrada pela Avenida Conselheiro Nébias, 649, no Boqueirão.
A intenção é atender somente às pessoas que tenham sintomas da Covid-19 que cheguem em seus veículos. A expectativa de Campos é fazer nesse período, uma quantidade de 1.000 a 2.000 testes, com uma média de, no mínimo, 200 atendmentos diários. O teste rápido, autorizado pela Anvisa e Fiocruz, terá o custo de R$ 200,00, divididos em até duas vezes no cartão de crédito. Dinheiro e cartões de débito também são aceitos para o pagamento. O resultado sai no mesmo dia, enviado para a pessoa por e-mail ou Whatsapp fornecidos no momento do cadastro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (13) 99647-9224.
Os laboratórios têm tido um papel importantíssimo neste período de pandemia de Covid-19, assim como todos os profissionais de saúde em geral. Os laboratórios representam uma outra linha de frente? Como o senhor descreveria a importância?
O exame se tornou uma coisa essencial. A gente nunca imaginou que fosse passar por uma situação assim. Praticamente o laboratório não faz outro exame a não ser o da Covid-19. Hoje em dia, 90% dos exames que são feitos são da Covid-19. Os outros 10% são de glicemia, hemograma, são os outros.
A propósito disso, muita gente tem procurado o Cellula Mater para fazer este exame? Qual o perfil médio da pessoa que procura? Ou seja, se são mais homens, mais mulheres, faixa etária…
São pessoas acima de 25 anos e a maioria mulheres. Nós hoje estamos fazendo aproximadamente 300 exames por dia. É muito. Isso na rede toda: Santos, São Vicente, Praia Grande, Cubatão e Osasco.
Qual a importância da coleta em formato drive-thru e os exames que serão feitos de 25 a 30 de maio no estacionamento da Unisanta?
A gente, em conversa com a família Teixeira, conseguiu trazer um exame com uma especificidade maior, com uma sensibilidade maior. Os exames que estão sendo usados aqui são da China. E a gente conseguiu trazer um teste belga, onde ele tem 95,7% de especificidade e quase 100% de sensibilidade.
E isso influencia no resultado?
Exatamente. Você tem um resultado mais assertivo. Vai ser feito exame de IGM, para sabe se você tem o vírus ou não, se este vírus está ativo ou não, e será feito exame de IGG para saber se você teve contato com o vírus.
É um teste rápido então?
Exatamente. Ele também é um teste rápido, mas só tem uma diferença: ele não é feito com um furinho no dedo. Para que ele seja realizado, é feita coleta de sangue mesmo. A coleta demora um pouco mais porque é feita no braço. É um teste rápido, porém com maior especificidade e mais sensível.
Como vai funcionar a logística para a coleta?
Chega o carro, é medida a febre para saber se a pessoa tem ou não, ela vai responder a um questionário para saber se tem sintomas ou não, em seguida coleta o sangue e o resultado sai em torno de 20 minutos, no máximo. Ela fica sabendo do resultado, mas também vai ter acesso ao laudo porque todo exame tem que ter um laudo e a gente vai enviar pela internet.
A ideia é que compareçam pessoas em seus veículos que estejam com sintomas, não é isso?
Exatamente. A intenção é exatamente essa: testar sim e saber se tem sintomas sim. Apesar de que a gente tem visto hoje muitas pessoas assintomáticas. Como é um vírus novo, infelizmente o mesmo vírus que mata também pode passar sem sintoma algum.
Embora a ideia seja a vinda das pessoas que tenham sintomas, também é possível que o teste identifique a Covid-19 nos assintomáticos?
Sim. A pessoa não teve sintoma nenhum e ela se torna um IGG. Ela teve contato com o vírus sem ter sintoma algu, febre, dor de garganta, nada. O exame identifica isso.
Quando dá positivo, apesar desse índice de acerto muito grande, há necessidade de contraprova?
Olha, se já deu o IGM, já passou o tempo de fazer o PCR, aquele outro exame que é feito pelo muco. Então é casa, observação, isolamento e médico em último caso.
Como tem sido a sua rotina profissional – ou falta dela – em razão da Covid-19?
Mudou tudo. O laboratório tem 28 anos e, além de estar na rua, ele também está no Hospital São Lucas, atende o Hospital Infantil e o dos Estivadores. Tenho um filho de 7 anos e uma filha de 9 anos. A minha esposa também é da área, mas eles têm ficado em Vinhedo. Eu que venho para cá e vou para São Paulo, além dos três hospitais em Santos, temos três em São Paulo.
E como controlar a prevenção, ainda que distante e que sua esposa seja da área?
É bem difícil. A roupa que vem da rua já é tirada direto, enfim já mudaram vários hábitos. Não vamos ser os mesmos quando isso aí passar. Com certeza não. Mas, infelizmente, vimos o lado mercadológico falar muito mais alto. Uma máscara que, antes, eu pagava R$ 0,14 hoje pago R$ 11,90. Um exame que era 1 euro custa 20. Isso assustou muito. Sem falar os exames que vieram para cá que são furados e nem precisamos entrar no mérito.