No Dia do Motorista, condutores contam como é trabalhar no Samu

Por Santa Portal em 25/07/2021 às 13:24

Francisco Arrais/Divulgação Prefeitura de Santos
Francisco Arrais/Divulgação Prefeitura de Santos

Distrair uma passageira, enquanto prestava atenção ao trânsito da estrada, em um trecho específico de uma rodovia era fundamental para que a viagem do Litoral até o Interior fosse tranquila. Ele tinha sido avisado por um parente que naquele trecho do trajeto, a senhora havia perdido um filho em um acidente. E assim agiu o motorista Ademir de Oliveira para que a passageira não se lembrasse do triste episódio. A história revela que, mais do que atenção às leis de trânsito e os cuidados que se deve ter ao volante, é muito complexa a rotina desta categoria que neste domingo (25) celebra o Dia do Motorista.

Oliveira é condutor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) há 8 anos, e motorista profissional há 28. Para estar hoje nessa função, fez cursos como o de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e um específico para dirigir veículo de emergência. Foi nesse último que acabou parando no Samu.

A ideia inicial de Oliveira era dirigir guincho, mas viu que todos da turma do curso buscavam o Samu. “O bichinho me mordeu”, lembra ele. “Gosto de trabalhar em um local onde me sinto valorizado, e de saber que posso ajudar uma pessoa”. Os percalços e problemas de um plantão, como quando um paciente acaba morrendo, fazem parte da rotina de um condutor de Samu. “Mas ganhamos o dia quando alguém se aproxima e nos diz: “Deus o abençoe”.
Sobre os cuidados que precisa ter para ser motorista do Samu, Oliveira resume que se trata de um profissional que está tentando salvar uma vida, mas que já está transportando de duas a três vidas no veículo. “Um motorista do Samu precisa ter coragem, atenção e destreza para desviar dos motoristas distraídos”.

Daniel dos Santos Alves, 39, também é condutor do Samu, depois de ter atuado no cais e em outros empregos. “Para trabalhar aqui, o profissional precisa ter agilidade e, ao mesmo tempo, calma para aguentar o trânsito”.

Para ele, as situações dolorosas enfrentadas todos os dias nos atendimentos são difíceis de enfrentar, mas ele se impacta quando há crianças envolvidas. “Essas situações mexem com a gente. São delicadas. Quando essas coisas acontecem, procuro não comentar isso em casa para não levar essa dor para minha família”. As dificuldades da rotina de um condutor são compensadas, diz Daniel, quando há o reconhecimento da população. “É gratificante ouvir palavras de apoio”.

Ser condutor de uma unidade do Samu, em meio a uma pandemia, se torna uma situação mais complexa. “Graças a Deus e aos cuidados que tomamos aqui não contrai essa doença”.

Segundo Daniel Alves, a jornada de um condutor, mesmo desgastante, se estende até a casa. “Mesmo quando estamos descansando, temos de ficar alertas para qualquer improviso. Mas, apesar de tudo, eu gosto muito do que eu faço”.

A Prefeitura de Santos conta atualmente com 287 motoristas para execução dos serviços das secretarias municipais e órgãos da Administração Municipal. O Samu tem quadro de 51 condutores. Desses, 5 servidores atenderam em ambulâncias específicas para a covid-19 entre os meses de abril e setembro do ano passado.

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