Na véspera da prisão, falso médico atendeu homem que morreu no Irmã Dulce

Por Ted Sartori/#Santaportal em 13/06/2020 às 16:00

INCRÍVEL – A família de Daniel da Silva, de 54 anos, ainda está em choque com a morte dele. Morador de São Vicente, ele estava internado no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, e morreu em 30 de maio. Quem o atendeu foi o homem que se passou por médico e adotou a identidade de Henry Cantor Bernal, oftalmologista que realmente existe e trabalha em Bogotá, na Colômbia. Ele foi preso no dia seguinte e vai responder por falsidade ideológica e exercício irregular da função.

“Se ele era um falso médico, fica a dúvida se houve alguma medicação errada dada para o meu irmão. Ele estava forte, andando e falando quando foi para lá”, afirma Claudia da Silva Santos, uma das irmãs de Daniel. “E não ficou claro se ele tinha coronavírus, pois não sei se fizeram exames, embora ele estivesse isolado, assim como outros tantos. Não conseguíamos ver meu irmão e nem nos despedirmos como gostaríamos”, emenda.

O homem foi internado em 23 de maio por alta de diabetes, levado pela esposa. Quatro dias depois, Claudia conversou com o falso médico, que disse que estava tudo bem que ele ia sair dessa. “Como ele me disse que meu irmão estava bem, resolvi voltar apenas apenas na sexta (29 de maio) para levar algumas roupas. Até também pela distância, pois também moro em São Vicente. Quando retornei, ele me disse que meu irmão tinha piorado da noite de quinta (28) para sexta”, conta.

A preocupação do falso médico, segundo Claudia, era a falta de ar que Daniel sentia e que seria mudada a medicação. “Caso não desse resultado, ele me disse que meu irmão seria levado para a UTI e entubado. Aí fiquei preocupada mesmo”, lembra.

No sábado (30), outra irmã de Daniel foi ao hospital, por volta de 14 horas, quando poderia falar com o médico. E o discurso foi de que o homem estava bem. Às 18h10 do mesmo dia, veio a ligação de que a família teria de comparecer ao hospital, pois Daniel da Silva havia falecido.

“Eu que fui e enfermeiros chegaram a me dizer que ele enfartou, que fizeram de tudo, mas não houve jeito”, conta Claudia. Na declaração de óbito consta doença respiratória aguda – Covid-19 e assinada pelo falso Henry Cantor Bernal. No dia seguinte à morte, ela soube pela sobrinha da prisão dele.

A defesa de Daniel da Silva alega que o hospital ainda não forneceu o prontuário de atendimento solicitado. Em nota, o Irmã Dulce disse o seguinte a respeito do caso:

“A direção do Hospital Municipal Irmã Dulce esclarece que o paciente em questão deu entrada na unidade em 23/05, recebendo toda a assistência necessária a seu caso, sendo atendido por diversos médicos, enfermeiros e também fisioterapeutas.

Seu quadro de saúde foi constantemente reavaliado pela equipe médica da unidade, assim como a assistência ofertada, durante todo o período em que esteve internado na unidade.

Em relação ao fornecimento de prontuário, reiteramos que não procede a informação de que o Hospital estaria negando seu fornecimento à família. Pontuamos que basta o familiar procurar a administração da unidade, de segunda à sexta-feira, realizando os protocolos de solicitação de cópia de prontuário, com apresentação da devida documentação, que o prontuário é fornecido”.

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