Na linha de frente, profissionais de saúde sofrem ainda mais com o coronavírus
Por #Santaportal em 02/04/2020 às 12:35
CORONAVÍRUS – Os profissionais da saúde também sofrem – e muito – com o coronavírus principalmente por estarem na linha de frente. Muitos estão afastados por suspeita de terem contraído a doença ou mesmo estão na lista de casos confirmados. Para se ter uma ideia, os Hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, ambos na Capital, afastaram 452 profissionais no início da semana. Além disso, um levantamento do Sindicato dos Servidores de São Paulo, com dados do Diário Oficial da cidade de São Paulo, aponta que de 1.º a 28 de março houve 1.080 afastamentos na rede pública por suspeita de contaminação.
A situação não é diferente na Baixada Santista. “Há médicos com suspeitas de Covid-19 em todas as cidades da região, mas não temos como saber os nomes ou a quantidade específica, pois não existem estatísticas oficiais. Como médicos, estamos mais expostos ao contágio. Entretanto, não é possível afirmar como esses profissionais foram infectados (se estavam trabalhando, numa viagem ou com o contato com um parente). O que podemos afirmar é que qualquer caso suspeito está ou internado ou em isolamento”, afirma Maria Cláudia Santiago Cassiano, presidente do Sindimed (Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande).
A entidade também disse que não recebeu denúncia de quem um médico tenha sido infectado por trabalhar sem materiais e equipamentos de segurança. “O que sabemos é que algumas empresas estavam com dificuldades para comprar determinados equipamentos, mas não foi feita nenhuma queixa sobre a falta”, completa Maria Cláudia. “Divulgamos, inclusive, um comunicado informando que estamos à disposição para esclarecimentos de quaisquer dúvidas da classe médica e, sendo o caso, com a tomada de todas as medidas legais para a preservação da integidade física e mental de seus associados”, emenda.
“Quem está na linha de frente é por onde passam as balas, é bem verade. Por exemplo, o anestesista que faz entubação de pacientes, o intensivista, são os que têm um risco relativo maior. Mas agora o risco é universal”, lembra o infectologista Ricardo Hayden.
Cidades
O #Santaportal enviou questionamentos para as nove cidades da Baixada Santista a respeito da quantidade de profissionais de saúde com suspeita ou que contraíram o coronavírus, bem como dos equipamentos de proteção individual. Apenas Praia Grande e Mongaguá não responderam.
Em Santos, a Secretaria de Saúde informa que foram notificados 126 casos suspeitos de Covid-19 em profissionais de saúde residentes de Santos, com sintomas similares do novo coronavírus (Covid-19). Deste total, 26 foram informados por unidades da rede municipal e 100 por hospitais e serviços de outros órgãos públicos e privados. Até o momento, oito profissionais de saúde moradores de Santos tiveram a confirmação de Covid-19, os quais trabalham em serviços públicos e particulares.
A Prefeitura de Santos também explica que, seguindo as orientações da Secretaria de Estado da Saúde, devido à transmissão comunitária da doença, são colhidas amostras de pacientes internados e dos profissionais de saúde com sintomas de Covid-19, os quais eram encaminhados para o Instituto Adolfo Lutz (IAL) para o diagnóstico ou descarte. Desde quarta (1º), os exames deste público são encaminhados para um laboratório particular contratado pela Prefeitura, com previsão de resultado em até dois dias. A medida foi tomada para agilizar o diagnóstico, uma vez que o Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência no Estado, está sobrecarregado, o que provoca demora acima de dez dias úteis para retornar os resultados.
Os profissionais de saúde com casos suspeitos são afastados das suas funções para isolamento domiciliar por 14 dias ou até que o resultado do exame descarte a doença, além das recomendações de procurar pelo atendimento médico no caso de febre persistente e alterações respiratórias como falta de ar.
Todas as unidades de saúde da rede municipal contam com equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas, tocas e aventais, e o Município já solicitou o repasse de mais itens aos governos estadual e federal, em conjunto com as demais prefeituras da Baixada Santista dentro do Plano de Contingência Regional, para reforçar os estoques. Além disso, a Secretaria de Saúde também tem feito compras emergenciais, mas encontra dificuldades de fornecimento devido à grande procura no mercado.
Em Cubatão, três médicos e mais nove profissionais que atuam na Saúde foram afastados devido a sintomas da COVID-19. Todos fizeram o exame de coleta, sendo que para dois deles (entre eles um médico) deu negativo. Os demais aguardam o resultado.
A Secretaria de Saúde de Cubatão fornece Equipamentos de Proteção Individual a seus profissionais, bem como as prestadoras de serviço. Desde janeiro, quando as notícias sobre a doença ainda se concentravam na China, Cubatão tem realizado compras de insumos e promovido treinamento para o uso racional para evitar desperdícios.
Parte dos recursos que serão liberados pelo Governo do Estado no dia 3 de abril serão investidos na aquisição de mais insumos, incluindo EPIs.
Já em Guarujá, a Secretaria de Saúde de Guarujá informa que na rede municipal de saúde existem 47 profissionais de saúde com quadro suspeito de Covid-19, o que corresponde a 23% dos casos suspeitos no Município. Todos em isolamento domiciliar e monitorados pela Vigilância em Saúde.
Além disso, a Cidade tem um caso confirmado da doença, de um profissional de saúde de Guarujá, que trabalha em um hospital da capital. Trata-se de um homem de 38 anos, que se recupera bem e encontra-se em isolamento domiciliar e é monitorado pela Vigilância em Saúde do Município.
Todo o efetivo da rede municipal de saúde atua na linha de frente. São eles: médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem, recepcionistas, motoristas e limpeza, por exemplo. Encontram-se em isolamento social aqueles funcionários que pertencem ao grupo de risco.
Hoje, cerca de 1.700 servidores compõem a rede municipal de saúde. Desse total, 50% trabalha diretamente no atendimento ao paciente, que são os trabalhadores da Urgência e Emergência.
Quanto aos materiais e insumos, no momento, a rede municipal dispõe de estoque para atender atual demanda. Além disso, a Secretaria tem feito a compra para reforçar o estoque de equipamentos de proteção individual (EPIS), e outros insumos e materiais. O grande desafio no momento, é que muitos fornecedores não estão conseguindo atender a demanda crescente de todo o País.
A Prefeitura também informou que cinco mil kits de testes rápidos estão sendo adquiridos pela Prefeitura de Guarujá para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A Secretaria Municipal de Saúde já iniciou o processo de aquisição, por meio de compra emergencial de legislação instituída nesse período de pandemia, para um primeiro montante de quatro mil testes. Os outros mil estão sendo adquiridos direto com fornecedor com a compra que dispuser de entrega imediata.
Por sua vez, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), informa que tem, hoje, 53 funcionários da pasta, entre médicos e enfermeiros, afastados com suspeita de Covid-19 (Coronavírus). A maior parte mora em outros municípios, então não são contabilizados como casos suspeitos na Cidade.
A Sesau segue a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) quando o servidor apresenta sintomas da Covid-19, que é o isolamento imediato e a realização do exame que identifica a doença.
Sobre o abastecimento de equipamentos para que os servidores trabalhem em segurança, a Sesau informa que, até o momento, está normalizado.
A Sesau conta com 1.017 servidores atuando na linha de frente do atendimento aos pacientes com suspeita de Covid-19 (Coronavírus), entre médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, auxiliares administrativos e de serviços básicos.
Desde segunda-feira (30), quando começou a funcionar o Centro de Combate ao Coronavírus (CCC), cerca de 50 colaboradores passaram também a fazer parte da linha de frente no atendimento de pacientes com suspeita da doença.
Em Peruíbe, os casos de profissionais de saúde são acompanhados também pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica de Peruíbe. Atualmente, são 10 profissionais de saúde em isolamento domiciliar e 1 internado na enfermaria do HRI. Os profissionais de saúde que atendem pacientes com sintomas respiratórios (UPA e Atenção Básica) tem recebido os EPIs regularmente, alem das orientações para seu uso correto.
Em Bertioga, a Prefeitura informou que oito profissionais de saúde apresentaram sintomas. Não há caso confirmado.
Os procedimentos têm sido os seguintes: a coleta é de teste rápido de H1N1 (todos negativos), coleta de exame para Covid-19 (aguardando laudo do Instituto Adolfo Lutz), orientações de isolamento social por 14 dias e acompanhamento diário da equipe da Vigilância Epidemiológica do município através de ligações telefônicas e, se necessário, visitas domiciliares.
Já os equipamentos de proteção individual foram distribuídos para todos os colaboradores que fazem parte da linha de frente, inclusive máscaras para funcionários administrativos. Foram montados kits de emergência para acolhimento dos pacientes na sala de emergência contendo tambem a proteção face Shields, sendo EPIs preconizados pela CCIH do Hospital Municipal de Bertioga.
Em Itanhaém, a Secretaria Municipal de Saúde limitou-se a dizer que registrou pontualmente alguns casos de profissionais com apresentação de síndromes gripais. Foi realizado o afastamento dos mesmos de forma preventiva.
As prefeituras aguardam do Estado e do Governo Federal o repasse de insumos e produtos como máscaras, luvas, respiradores e demais equipamentos necessários para o enfrentamento da pandemia na Região. Assunto discutido constantemente em videoconferências entre os prefeitos que, inclusive estão adotando a compra de insumos de forma consorciada para obter menor preço.