Após morte de bebês, mães alegam negligência no Hospital Santo Amaro

Por Laila Aguiar em 08/01/2023 às 13:00

Reprodução/Freixo
Reprodução/Freixo

Duas mães alegam que perderam suas filhas, recém-nascidas, após problemas no atendimento, parto e pós parto no Hospital Santo Amaro, em Guarujá. Os casos aconteceram nos dias 24 e 27 de dezembro.

As mães se conheceram durante o velório das filhas e descobriram que as mortes tinham situações em comum. Ambas as pacientes relatam, em entrevista ao Santa Portal, problemas e internações com falta de apoio médico e até mesmo de comunicação.

“Parto traumático”

O primeiro caso aconteceu no dia 24 de dezembro, quando Camila Batista da Silva Ferreira, mãe da Ester, iniciou o trabalho de parto no penúltimo dia da previsão de nascimento da criança. De acordo com a paciente, ela chegou a ficar internada do dia 24 para o dia 25 de dezembro com contrações, mas foi liberada pelos médicos.

No mesmo dia ela voltou ao Santo Amaro à procura de atendimento, pois estava com dor. De acordo com Camila, a bolsa havia estourado e a criança defecado. A paciente chegou a fazer exercícios para auxiliar na dilatação.

Reprodução: Arquivo pessoal

“Depois de ver que o bebê não saia de jeito nenhum fizeram uma cesárea. Quando eles me deram a anestesia, comecei a ter convulsões”.

Ainda de acordo com a mãe, a criança foi retirada com ferro e isso teria machucado a cabeça de Ester. “Eles enrolaram uma faixa na cabeça dela para disfarçar”.

Camila e Ester foram encaminhadas para a UTI, a criança acabou não resistindo e morreu no dia 1º de janeiro. De acordo com Camila, os médicos falaram que o óbito ocorreu devido a criança ter aspirado as fezes.

“Não estou conseguindo dormir direito, só lembro desse parto traumático”, relembra Camila.

A paciente conta que está sofrendo com dores na barriga e acredita que irá precisar passar por uma lavagem, apesar de não ter sido informada se esse procedimento foi realizado após o parto.

Parto prematuro

O segundo caso foi o da Camila de Souza Santos, mãe da Manuela, que iniciou o trabalho de parto antes de completar os nove meses. Em entrevista ao Santa Portal, Camila contou que com 27 semanas (7 meses) foi diversas vezes ao Hospital Santo Amaro à procura de atendimento, mas sempre era liberada.

“Fui a semana toda no Santo Amaro e eles passando remédio e falando que não tinha problema o tampão (substância responsável por não deixar o útero ter contato com bactérias) sair”.

Na terça-feira (27), a gestante conseguiu o atendimento, após 3h de espera ela conseguiu ir para a internação. De acordo com a mãe, ela ficou até sexta-feira (30) tomando medicação para inibir o parto.

Ainda de acordo com a mãe, as complicações começaram no centro cirúrgico, ainda no dia 30.

Reprodução: Arquivo pessoal

Durante e depois do parto

Durante a entrevista, Camila contou que no centro cirúrgico os médicos estavam sem luvas e com celular em mãos.
“Grande parte dos enfermeiros estavam com a máscara no queixo e mexendo no telefone. Sabe, ali tinha que estar tudo esterilizado, eles iam receber um prematuro, o cuidado tinha que ser dobrado”.

De acordo com a mãe, os médicos informaram que a criança estava saudável e era grande, porém ficaria na UTI por ser prematura. O médico também informou, após a cirurgia, que a recém-nascida não precisaria de oxigênio.

Já no quarto, ela pediu para tomar banho, mas, de acordo com a paciente, a enfermeira disse para a puérpera “não ficar colocando pilha”, após ela dizer que já eram 23h e estava desde às 9h sem tomar banho.

Quando perguntou se poderia ir ver a filha, a enfermeira informou que “tinha mais o que fazer” e completou que as outras profissionais estavam ocupadas. Às 4h a gestante foi andando para ver a filha, quando chegou no local, a criança estava entubada.

“Perguntava sobre o que havia acontecido e ninguém falava nada. Me mandaram sair pra eles examinarem ela”.

De acordo com a mãe, o motivo da intubação foi explicado na manhã do dia seguinte. Os médicos disseram que a criança teve uma parada cardíaca durante a madrugada.

“A pediatra falou que alguém teve contato com ela sem luvas ou com instrumentos contaminados e que ela adquiriu um vírus”.

A criança morreu às 14h do último dia 31, os pais foram informados da morte às 17h do mesmo dia quando foram ao local visitar a filha.

“Foram dias terríveis e ainda por cima sai sem a minha filha. Não desejo isso para ninguém”, finaliza Camila.

Confira na íntegra o que diz o Hospital Santo Amaro

O HSA informa que todos os óbitos de recém nascidos, vinculados à maternidade, são investigados por uma comissão da prefeitura instituída para este fim e depois segue para análise e discussão de uma comissão mista, que engloba representantes do hospital e da prefeitura. Como os casos são recentes ainda não tem conclusão das comissões.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.