Morro do Macaco Molhado passa por obras para evitar novos deslizamentos

Por #Santaportal em 22/12/2020 às 14:27

GUARUJÁ – As obras de contenção no Morro da Bela Vista ? também conhecido como Morro do Macaco Molhado, acabam de ser concluídas. Para recuperação da área, que foi uma das atingidas pelas fortes chuvas do início de março, foram repassados R$ 25 milhões pelo Governo do Estado ao Município de Guarujá. Na época, a Cidade decretou estado de calamidade pública devido aos deslizamentos de encostas causados pela tempestade.

A primeira etapa dos trabalhos, iniciada em maio, foi a remoção do material solto, como vegetação, pedras e terras. Em seguida, os técnicos realizaram a topografia da região, limitando a área onde os serviços seriam executados e também a sondagem, o que deu subsídios para elaboração do projeto executivo.

?Foram usadas três técnicas para sustentar e fazer a contenção. A primeira foi o retaludamento. Vocês podem observar lá no topo do morro, aonde a gente vê essa camada cinza, uma camada de concreto grampeado, ?concreto estampado?, justamente pela dificuldade na inclinação do morro e topografia acentuada e condições de pedra. Como tem muita pedra, precisamos fazer esse trabalho. Isso surgiu a partir de uma sondagem, topografia para definir no projeto executivo, como iriamos fazer a estabilizações com contenções?, disse o secretário de Infraestrutura e Obras da Cidade, Adilson de Jesus, em entrevista ao Bom Dia Cidades, da Santa Cecília TV.

Em função da inclinação do morro, foram executados métodos para impermeabilização do solo, como a projeção de concreto na parte superior e a aplicação de tirantes de solo grampeado, estruturado com malha de ferro.

?No intermediário, criamos uma plataforma, com um gramado normal e simples, até porque o terreno está em condições favoráveis. Mostramos um outro plano de concreto estampado e embaixo temos uma grama sustentável, com tela biodegradável. Como o morro é inclinado, a tela da a segurança até que a grama pegue. O resultado do plantio já surgiu efeito?, afirmou Jesus.

Outra técnica adotada foi a construção de um sistema de drenagem para auxiliar a captação de águas pluviais. Já para reduzir a velocidade da descida do líquido, escadas de dissipação de energia foram implantadas no local.

?Tem uma caneleta de coroamento no topo do morro e traz nas duas laterais captando e cuidando do encaminhamento desta água. Temos um dissipador, que chamamos de escada hidráulica. Podemos observar que são caneletas à céu aberto que ajudam água a descer e ir para um sistema de drenagem do bairro. Isso dá a segurança e dá estabilidade, para não criar uma erosão?, explicou o secretário.

Ao longo dos últimos meses, mais de 100 funcionários foram envolvidos na ação, que contou com o suporte de maquinários e, inclusive, técnicas de rapel. ?Tudo foi planejado para garantir a segurança dos trabalhadores e, principalmente, daqueles que vivem no entorno. Em termos de obra e contenção, estamos tranquilos e não vamos sofrer de novo o que passamos?, concluiu o secretário municipal de Infraestrutura e Obras (Seinfra).

Áreas verdes
Para fixação do solo exposto, a solução encontrada foi a aplicação de hidrossemeadura de grama ? uma geomanta flexível tridimensional composta por sementes, fertilizantes, camada protetora, entre outros produtos. Aplicada por jato de alta pressão, a técnica é utilizada para impedir o processo erosivo, geralmente causado pela ação da chuva e do vento.

Além disso, a geomanta tem a finalidade de viabilizar o crescimento de vegetação de porte baixo (gramíneas e leguminosas), que vão garantir não só a cobertura do solo, mas como também sua estabilização.

Cenário devastador
A tragédia de causas naturais aconteceu na madrugada de 2 de março. Em um curto período de tempo, o índice pluviométrico atingiu a marca de 405 milímetros, superando o previsto para todo o mês de março.

Segundo os cálculos da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), esse volume equivaleu a 58 milhões de metros cúbicos de água, o que corresponde a dois reservatórios da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior barragem do mundo e que abastece o Brasil e o Paraguai.

Só no Morro do Macaco e no Morro da Barreira, onde ocorreram os principais acidentes, desceu um total de 153 mil toneladas de sedimentos, materiais oriundos de origem vegetal, pedras e terras.

Outros morros atingidos
Uma semana após os deslizamentos, a Prefeitura de Guarujá solicitou R$ 77 milhões ao Governo Federal para obras de reestruturação dos pontos afetados e limpeza. Deste montante, só foram repassados R$ 20,5 milhões, para uso específico no chamado plano de resposta rápida, que compreende a serviços de limpeza e correção de estragos.

De acordo com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplan), R$ 17 milhões estão sendo designados para limpeza e remoção de sedimentos provenientes do escorregamento das encostas dos morros Barreira do João Guarda, Vila Baiana, Engenho e Cachoeira.

Os R$ 3,5 milhões remanescentes foram usados para limpeza de vias públicas, restauração de unidades de saúde deterioradas pelos impactos das chuvas torrenciais e remoção do entulho de casas que desabaram com o deslizamento de terra.

A Prefeitura ainda aguarda verba para as obras estruturantes de contenção de encostas e prevenção de novos deslizamentos, a exemplo do Morro da Bela Vista. Para isso, o Município espera, no mínimo, R$ 42 milhões.

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