Médica ginecologista e obstetra fala dos cuidados com o coronavírus destinados às grávidas

Por Ted Sartori/#Santaportal em 06/04/2020 às 09:46

CORONAVÍRUS – Mariana Scarpelini, médica ginecologista e obstetra, participou do Bom dia Cidades, da Santa Cecília TV. A profissional do pré-natal de alto risco da Prefeitura de Santos também conversou com o #Santaportal e falou sobre os cuidados com o coronavírus destinados às grávidas.

Muito se fala dos idosos como integrantes do grupo de risco. E as grávidas? Também não merecem uma atenção especial?
Sim. Na verdade, a gente até, literalmente, ontem não estava sendo considerado o pré-natal de risco quando a paciente tem diagnóstico de covid-19, mas ela passa a ser considerada uma gestante de alto risco. Então a gente precisa ter atenção porque sabemos que existem alguns estudos querendo indicar que o covid pode estar relacionado a partos prematuros. Por isso que a gente começa a ter uma anteninha mais ligada com relação a isso.

Quais os cuidados que a grávida deve ter?
Os cuidados acabam sendo exatamente os mesmos das que não são gestantes. Só que, obviamente, com mais ênfase, como a gente fala: não sair de casa de forma nenhuma, principalmente sem máscara. Se for necessário sair, que saia com uma máscara. A gente tem orientado até mesmo a máscara caseira, mas que precise ter uma certa proteção. Outras providências são: lavar as mãos constantemente, evitar ao máximo colocar a mão no rosto. A gente fala rosto e cabelo porque a mulherada tem costume de não colocar a mão no rosto, mas fica mexendo no cabelo e no cabelo o vírus também permanece. São coisas que a gente acaba orientando. Então é lavar as mãos, passar o álcool gel, evitar mexer no cabelo, evitar sair de casa e evitar ao máximo receber visitas em casa, independentemente do tempo da gestação. Hoje o que a gente tem, por enquanto, são alguns casos relatados de trabalho de parto prematuro. Tem muita coisa sendo estudada e em andamento, que a gente não consegue afirmar. Portanto, quanto mais cuidado, melhor.

Teve contato com algum caso de grávida que tenha contraído covid ou, pelo menos, seja um caso suspeito?
Na sexta-feira (3), iniciou um quadro de uma paciente bem sugestivo de que seja, mas ainda está em investigação, sendo tratada como se fosse. A gente brinca que é mais fácil a gente considerar que a paciente tenha covid e fazer todos os cuidados para evitar que uma piora do que achar que é só uma síndrome básica e haver uma piora rápida.

Existe algum estudo falando da possibilidade que a grávida tenha covid e a doença passe para a criança que vai nascer?
Existem alguns estudos já feitos. E negaram em todos os casos que conseguiram analisar não ocorreu essa transmissão vertical, que é o termo que a gente usa, para recém-nascido. Mas o número de casos é muito pequeno e gera uma certa insignificância para a gente, uma vez que não tem tantos casos se fizermos a comparação com a quantidade de casos da doença em si. Quando a gente conseguir ter mais casos e descarte realmente a transmissão, a gente fica mais tranquilo. Se não me engano, foi um estudo somente com 57 casos porque não foram tantas grávidas que, graças a Deus, pegaram. Como foram poucas grávidas que pegaram, poucos estudos que conseguiam confirmar se passou ou não. Portanto, em nenhum dos casos teve transmissão pela placenta nem pelo líquido amniótico nem pelo leite materno.

E os cuidados com os recém-nascidos são os mesmos destinados aos adultos? Digo em relação à prevenção ao coronavírus…
Exatamente, os mesmos. A gente fala sempre da questão da amamentação. Se a mãe tem a suspeita, tem que ficar com a máscara. Não importa se não teve a confirmação: coloca a máscara no rosto que, pela proximidade com o bebê, a gente tem o risco de transmissão. É a principal medida.

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