Marido é barrado de maternidade em Guarujá com mulher em trabalho de parto
Por Marcela Ferreira em 27/08/2021 às 06:00
Indignado por não poder entrar na maternidade junto com a esposa grávida, prestes a dar à luz, Daniel Soares Dias viveu momentos de tensão antes de conhecer o próprio filho. Ele foi barrado na entrada do Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e precisou ir para Santos para que a mulher, Ana Cristina Silva Dias, pudesse parir com segurança.
Na terça-feira (24), Daniel conta que levou Ana Cristina, que estava em trabalho de parto, ao Hospital Santo Amaro, em Guarujá, para ter o filho. No entanto, ao chegar na unidade de saúde, não foi permitida sua entrada para preencher a ficha, e foi dito que Ana deveria entrar sozinha, sem acompanhante.
Em nota, o hospital informou que Daniel foi orientado sobre o procedimento, mas recusou a orientação (leia abaixo).
“Eu fiz uma live, entrei ao vivo no Facebook explicando a situação e não deixaria isso acontecer, ela entrar sozinha, a lei não permite isso, ela teria que ter um acompanhante. Em todo processo de parto é assim, e eu fui barrado na portaria, chamaram o segurança responsável e mais dois seguranças, e foi aquele debate”, conta Daniel.
O pai do bebê conta que os seguranças disseram a ele que esse era o procedimento do hospital por conta da pandemia de covid-19. “Eu não aceitei, acionei a Polícia Militar, mas como a minha esposa já estava para ganhar o neném, eu resolvi vir para Santos”, relata.
Por volta das 10h da manhã, a mulher e o marido deram entrada na maternidade do Hospital dos Estivadores, em Santos. “Vim a tempo e, graças a Deus, deu tudo certo. Por volta de 12h50 meu filho nasceu. Aqui, o atendimento do Hospital dos Estivadores é maravilhoso, um padrão maravilhoso, ela foi super bem atendida, já entrei e fiz a ficha, e acompanhei tudo”, comenta.
Além do atendimento durante o trabalho de parto, Daniel também mencionou as terapias pós-parto oferecidas na unidade à sua esposa. “O menino nasceu bem, nasceu com saúde, só que lá no Guarujá acontece isso, né? É um descaso, um abandono da parte do SUS, é uma indiferença. O tratamento foi completamente diferente”.
Situação serve de alerta
Segundo Daniel, ele espera conseguir alertar outros moradores de Guarujá sobre a situação. “Parece um presídio, as pessoas não são bem tratadas. Outro dia eu fui lá de madrugada com a minha esposa e nenhum elevador funcionava. Eles me deixaram entrar, mas ela teve que subir as escadas a pé”.
“Eu gostaria de reportar isso não só por esse ser o meu caso, mas espero que o hospital melhore para ajudar outras pessoas, que tenham o mínimo de atendimento necessário, mais humanitário, que no Guarujá as mulheres grávidas não recebem. Acredito que precisa melhorar”, disse.
Agora, a família espera alta no Hospital dos Estivadores. “Sou nascido e criado no Guarujá, e tive que passar por isso. Não foi a primeira vez, quando tive a minha filha de dez anos, durante o parto dela, o médico chamou para eu acompanhar, mandou a enfermeira me chamar e ela relatou que eu não estava. Então não é a primeira vez que eles fazem isso com as pessoas. Não queremos tudo, mas o mínimo necessário para qualquer cidadão. O mínimo necessário para que tenha um bom atendimento, respeito à vida, à segurança e à saúde de todos”.
Resposta
Procurado pelo Santa Portal, o Hospital Santo Amaro respondeu que realiza orientações aos acompanhantes de gestantes na porta da maternidade, e que a mulher deve dar entrada na unidade antes de ser permitida a entrada do acompanhante. Leia a nota na íntegra:
O HSA informa que a gestante não foi impedida de ingressar na unidade hospitalar, assim como todas as gestantes ingressam na unidade, estando ou não com encaminhamento de sua unidade de saúde de referência.
Os acompanhantes, a que as gestantes têm o direito, recebem a orientação de que poderão ingressar na unidade, após haver a constatação da internação.
Neste caso, mostrado em vídeo, o acompanhante recusou a orientação, que é fornecida pelos controladores de acesso.