Mãe de jovem morto por companheiro de trisal desabafa sobre pena de 16 anos: “justiça nunca é feita”
Por Noelle Neves em 12/08/2021 às 09:54
Após Luiz Felipe de Oliveira Galdino, de 25 anos, ser sentenciado a 16 anos de reclusão, em regime inicial fechado, sem recurso em liberdade, por assassinar o companheiro em triangulo amoroso, Bruno Botelho Vieira, de 23 anos, a mãe da vítima desabafou sobre a justiça brasileira.
Para Creusa da Silva Botelho, a justiça nunca é feita. “Nasci em um país em que a impunidade prevalece. Eu esperava pena máxima. Sei que daqui a pouco, ele sairá pela porta da frente com uma nova chance. O mesmo não acontecerá com o meu filho. Sei que a prisão perpétua é impossível, mas só assim ficaria satisfeita”, disse em entrevista ao Santa Portal.
A mãe da vítima foi testemunha de acusação no júri popular realizado na última quarta-feira (11), no Fórum de Santos. A experiência foi revoltante, em sua visão, por precisar encarar o acusado o tempo todo. “Ele me olhava de cabeça erguida. Em alguns momentos, quando falei do meu filho, ele colocou um leve sorriso no canto do lábio e balançou discretamente a cabeça, negativamente. O advogado de defesa tentou me intimidar com uma pergunta, mas me mantive firme. Fui advertida pelo juiz, pois não contive minha revolta”, relatou.
Apesar da sentença insatisfatória, Creusa acredita que agora poderá dar trégua ao coração e voltar suas atenções para a família. Tem outro filho e netos, que não têm recebido o amor e carinho devido, já que vivia em função do julgamento. “Meu neto mais novo tem um ano, ainda não consegui conviver tanto quanto gostaria. É a hora de seguir o meu caminho. Preciso descansar. Foi muito desgastante”, contou.
Em análise, o assistente da acusação, Armando de Matos Júnior, acredita que pelas circunstâncias, a pena foi suficiente. “O júri foi complicado, pois a defesa negou a autoria e criou algumas teses infundadas. Houve debates intensos, com intervenções, mas no fim, conseguimos demonstrar a verdade. Por ser réu primário, ainda conseguimos uma pena boa. A mínima é 12 e a máxima, 30. O juiz começou com 18 e reduziu dois anos, com a confissão da facada”, explicou.
De acordo com Matos Júnior, Luiz Felipe saiu do Fórum preso e deve ir aguardar vaga para uma penitenciária do Estado de São Paulo ou no 5º DP de Santos ou no CDP de São Vicente.

Relembre o caso
Bruno Botelho Vieira foi assassinado em julho de 2019, no bairro Castelo, em Santos. O acusado teria esfaqueado o auxiliar administrativo três vezes no abdômen por não se conformar com o término do triangulo amorosa, visto que a namorada havia terminado para ficar apenas com a vítima.
A Polícia Militar apreendeu a faca e uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminhou o rapaz para a Santa Casa de Santos, mas não resistiu.
Luiz Felipe confessou o crime para os policiais presentes no local e foi autuado em flagrante, encaminhado para a Cadeia Pública.
A apuração mostra que Bruno encontrou a mulher, após receber uma mensagem pedindo para se encontrarem. Assim foi surpreendido pelo acusado.
Na época, o caso foi registrado na época como homicídio simples na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos. Em novembro do ano passado, quando o juiz determinou o júri popular, argumentou que há indícios suficientes que apontam que Galdino, que segue preso, foi o autor do crime.
“As provas constantes dos autos apontam indícios de sua ocorrência. O motivo torpe corresponde à discordância, por parte do réu, do término de seu relacionamento com a namorada e da manutenção do relacionamento dela apenas com a vítima. Também o emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima coaduna-se com as provas colhidas, porque elas indicam que o réu teria agido de surpresa e de maneira dissimulada”, falou na ocasião em que decidiu pelo júri popular.