Mãe de jovem morto em assalto a prédio em Santos segue clamando por justiça: “Estamos vivendo um inferno”
Por Beatriz Araujo em 22/02/2023 às 06:00
No dia 1º de fevereiro, a vida de Patrícia Varvello Nasser se transformou em um “inferno surreal”, como ela mesmo nomeia. Seu filho mais velho, Thiago, de 23 anos, foi morto em um assalto a um prédio comercial de Santos. Na mesma situação, Gustavo, seu outro filho de 22 anos, foi baleado. Ainda sem respostas do porquê Thiago foi vítima de latrocínio e sem nenhum suspeito identificado, Patrícia segue vivendo ‘à base de remédio’ e clama por justiça.
“Não sei como estou viva. São 22 dias que eu não consigo colocar absolutamente nada sólido na boca. A gente só chora, chora muito, e toma remédio para poder dormir”, conta a mãe dos meninos, em depoimento ao Santa Portal.
Desde a morte de Thiago, a família ainda sabe pouco sobre o que, realmente, aconteceu. O caso segue sendo investigado por meio de um inquérito policial instaurado pela 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Santos e nenhuma atualização foi comunicada à família, até então.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que a delegacia trabalha para esclarecer a dinâmica dos fatos e que as diligências buscam identificar e prender o autor do crime. Demais detalhes não foram compartilhados, sendo “preservados para garantir a autonomia ao trabalho policial”.
Em um desabafo, Patrícia diz que não quer a morte da pessoa que matou seu filho, porque jamais desejaria que a mãe dele passe pelo que ela tem passado. Mas faz um apelo para que o caso não caia no esquecimento da população e que o culpado seja preso, pagando pelo erro que cometeu.
“Só assim eu e o Gustavo vamos ter o mínimo. A gente acorda e dorme com muito medo de mais alguma coisa acontecer. Não sabemos quem é essa pessoa”.
Entenda o caso
Os dois irmãos foram baleados durante um assalto à loja de celulares que mantinham no 10º andar do Edifício Legacy Tower, um prédio comercial na Avenida Conselheiro Nébias, em Santos. Thiago levou um tiro na cabeça e não resistiu, morrendo no local. Já Gustavo foi baleado na virilha e segue com o projétil alojado no corpo, infeccionado.
Conforme apurado pela reportagem, o autor do crime não tirou a foto de identificação na entrada do edifício, sendo liberado para subir no condomínio sem concluir um cadastro prévio, como fazem todos os visitantes. Na ocasião ele teria fornecido um documento falso, entrando no edifício com boné e máscara. Por conta do erro de procedimento, a defesa da família afirma que entrará com uma ação contra o condomínio.
Segundo Patrícia, a mãe das vítimas, o condomínio não entrou em contato com a família para emitir um posicionamento, nem se colocou à disposição para ajudá-los. A única manifestação feita foi o envio de uma coroa de flores ao velório de Thiago, que foi devolvida na portaria do prédio pelos próprios familiares.
O Santa Portal procurou por um parecer do condomínio, mas não conseguiu efetivar o contato. Este espaço segue aberto e, caso haja algum retorno, a matéria será atualizada.
Quem foi Thiago
Thiago Varvello completaria 24 anos de idade nesta terça-feira (22). Sua mãe o descreve como um jovem empresário em ascensão, que se preocupava com a família e buscava ajudar todos ao seu redor. “Ele era meu pai, minha mãe, meu melhor amigo”.
O jovem, formado em Administração, deixou três irmãos, seu pai, sua mãe e inúmeros amigos. Ele também era tutor de um cachorro que não resistiu à saudade e morreu nos últimos dias.
“Ele amava a vida, listava seus sonhos. Sonhos que foram ceifados sabe lá porque. Se [o culpado] tivesse só roubado, nós construiríamos tudo de novo. Mas ele tirou a vida não só do Thiago, mas de uma família inteira”.
Com relação à loja, a família tem o propósito de levar o sonho de Thiago adiante e permanecer com o empreendimento. Até o momento, nenhum deles conseguiu retornar ao local, mas seguem se preparando psicologicamente para darem esse passo.
