Jovem recebe diagnóstico tardio de TEA e expressa sentimentos na arte

Por Alanis Ribeiro em 02/04/2024 às 21:00

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Dificuldade de socialização e seletividade, era assim que a estudante cubatense Sophia Ellen, de 16 anos, vivia até ser diagnosticada tardiamente como sendo uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A mãe, Márcia Cirilo, relata que sempre reparou nas peculiaridades da filha em comparação com outras crianças. Uma delas ter aprendido a ler aos três anos, mas acreditava que cada um tinha seu próprio tempo para progredir. Entretanto, com o passar do tempo, alguns pontos passaram a chamar mais atenção, como andar na ponta dos pés, incômodo com fogos de artifício e outros tipos de sons, além de um certo déficit de atenção.

Quando Sophia completou três anos de idade, a família foi procurar uma opinião profissional. Queria entender o que estava acontecendo e como poderia reagir devido a situação. No entanto, a especialista que as atendeu, informou que quando ela começasse a frequentar a escola, a situação iria progredir.

“Naquela época, não era tão falado sobre o autismo como é hoje, então não tínhamos esse conhecimento sobre os sinais de alerta. E, foi assim, ela entrou na escola mas não notamos nada alarmante, acreditávamos que ela só era tímida”, disse a mãe.

No entanto, quando Sophia chegou na adolescência ficou cada vez mais aparente os picos hiperfocal e seletividade em se relacionar com as pessoas.

A estudante relembra que enquanto frequentava a escola, no ensino fundamental, sofreu bullying e teve muita dificuldade de estabelecer amizades e prestar atenção como a maioria dos seus colegas.

“Me sentia diferente das outras pessoas, sabia que não víamos e sentíamos as coisas da mesma maneira. Então, comecei a procurar por conta própria para conseguir me entender melhor”.

Porém, durante a pandemia de covid-19, o afastamento do ambiente escolar foi necessário. Com a falta do contato social, a família percebeu que Sophia estava se isolando de uma maneira que nunca viram antes.

“As notas dela decaíram drasticamente, e o isolamento era muito maior. Estávamos preocupados porque ela já estava começando a ficar depressiva”, acrescenta a mãe.

Preocupados com a situação e a procura de uma solução, começaram a realizar uma série de exames de rotina, em conjunto com psicólogo, psiquiatra e neurologista. Rapidamente, foi constatado que Sophia é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde então, a família vem realizando o acompanhamento necessário para o crescimento da adolescência.

Arte e expressão

Antes mesmo de receber o diagnóstico, e em meio aos desafios da adolescência, Sophia estabeleceu na arte o seu ponto de conexão e encontro consigo mesma.

As linhas tomavam forma, enquanto as formas descreviam os sentimentos, já que ela não tinha força ou noção de como expressa-los. Sendo assim, a arte virou seu porto seguro por um longo tempo.

“Me encontrei na arte, não só com os desenhos, mas também com música, desfiles e das outras variações. Foi onde pude me conhecer e me arriscar mais, de uma maneira que eu consiga me desafiar, mas respeitando meus limites”.

Arquivo pessoal

Com o devido acompanhamento profissional e sentindo-se segura para ser ela mesma, Sophia recuperou as boas notas e, além disso, tornou-se exemplo na sala de aula, inspirando os colegas de turma. Neste ano, a menina, que temia responder perguntas dos professores, passou até a realizar palestras em meio às aulas.

Além disso, em menção ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), a estudante preparou uma apresentação sobre o tema.

“Estou muito ansiosa, porque o autismo tem que ser mais divulgado para que as pessoas saibam lidar melhor com pessoas que fazem parte do TEA. Após o diagnóstico, pude ter uma liberdade maior, porque consigo expressar o que é o autismo o vivendo todo dia”, conclui Sophia, entusiasmada em passar suas experiências de vida para seus amigos.

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