Infectologista diz que nova cepa da covid-19 mais contagiosa deve ser observada

Por Marcela Ferreira em 05/04/2022 às 06:20

Uma nova cepa da covid-19 identificada no Reino Unido, considerada mais contagiosa, deixou os especialistas em alerta. Por sofrer mutações com facilidade, o coronavírus segue sendo uma preocupação mundial, porém, infectologistas afirmam que não há motivo para entrar em pânico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma variante híbrida de duas cepas da ômicron, a BA.1 e BA.2, foi detectada pela primeira vez no Reino Unido e batizada XE, e pode ser a mais contagiosa já vista.

O infectologista filiado à Sociedade Brasileira de Infectologia, Ricardo Hayden, comenta que a nova variante XE, identificada há pouco tempo no Reino Unido, fez com que o número de casos explodisse, mas cientistas ainda avaliam a respeito do grau de gravidade de novas cepas.

Hayden conta que as chamadas ‘subvariantes’ existem porque o vírus da covid-19 é capaz de se modificar rapidamente, e se recombinar com outras cepas, gerando as subvariantes. “É uma mistura da região de genoma da Ômicron BA.1 com o resto do genoma da Ômicron BA.2. Incluindo a proteína mais importante que é a ‘Spike’, que é usada pelo vírus para fazer a interação na célula e usufruir da célula, como todo vírus e outros patógenos, e poder se multiplicar e invadir outros compartimentos do organismo”, explica.

Dessa forma, o médico explica que o potencial dessa subvariante ainda é desconhecido, porque não houve um aumento significativo de casos graves ou de internação de pacientes infectados com ela nos países onde já foi identificada. “Imagina-se que essa variante é híbrida, não é uma coisa exclusiva do coronavírus. Só que o coronavírus por ter um material genético muito primitivo, tosco, ele muta com mais facilidade. Por isso que está aparecendo todas essas variantes, que é um recombinante na verdade”, diz.

A variante XE da ômicron, que seria uma junção das variantes BA.1 e BA.2 da mesma cepa, não é diferente de outras subvariantes, que também já são monitoradas, em outros países da Europa. “Ela obviamente fez com que houvesse um número maior de casos porque ela tem uma facilidade de difusão muito maior do que as duas cepas do qual ela é originária. Só que não é um vírus que tem aparecido assim de supetão, tem esse esse híbrido, o XE, quanto o XD, que é a mistura do material genético da Delta”, ressalta o infectologista.

A facilidade da transmissão da covid-19 é decisiva para que a doença e suas variantes continuem chegando a outros países. Por isso, a cobertura vacinal é indispensável, já que as vacinas respondem às variantes e evitam casos mais graves da doença, segundo salientou Ricardo Hayden.

“É importante frisar que não se conseguiu estabelecer a rapidez de difusão, um padrão de gravidade maior ou sintomas específicos, exceto alteração de paladar e olfato em aparentemente todas as variantes que envolvem Ômicron com Delta, e essas cepas respondem à vacina”, explica.

“Mas precisa-se de tempo para observar melhor esse nome na medida que cresce o número de pessoas infectadas e é isso que os cientistas e virologistas de toda Europa, onde essas cepas começaram, estão a cem por hora tentando mapear tudo isso e fazer uma identificação de pacientes que tenham tido essas subvariantes, e ver se tem algum padrão clínico diferente e específico para cada uma dessas possibilidades”, pontua o médico.

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