Falta de ovos e preços altos preocupam consumidores e produtores

Por Beatriz Pires em 28/02/2025 às 06:00

Beatriz Pires/Santa Portal
Beatriz Pires/Santa Portal

A crise dos ovos já é uma realidade no Brasil. As prateleiras de supermercados estão vazias, e os preços dispararam. Estima-se que a caixa com 30 dúzias registrou um aumento de 37,9% em relação a fevereiro de 2024. Entre os fatores que explicam essa escassez estão as mudanças climáticas, o aumento do consumo de proteínas e a alta do dólar.

“Os produtores alegam que as altas temperaturas afetam os aviários, reduzindo a postura das galinhas. Além disso, estamos em um período de maior consumo dessa proteína essencial. A alta do dólar também impactou o preço das rações e insumos importados. A previsão é que os preços caiam nos próximos três meses”, explicou o economista Hélio Hallite.

Outros fatores também influenciam diretamente na alta do produto, como o aumento dos combustíveis. O economista destaca que o preço da gasolina encarece o transporte dos ovos, já que a logística brasileira depende fortemente do modal rodoviário.

Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que os custos de produção também sofreram com a inflação. O preço do milho subiu 30%, enquanto os insumos para embalagens tiveram um aumento superior a 100%.

Com a crise dos ovos, a alimentação dos brasileiros é a principal afetada. Até então, o ovo era a fonte de proteína mais acessível, já que a carne vermelha tem sido excluída do cardápio de muitas famílias devido aos preços elevados. Como alternativa, os consumidores tentam equilibrar a dieta com ovos, carnes brancas como frango e porco, e até mesmo peixe.

“Toda a cadeia produtiva é afetada pela alta de preços, e o consumidor já sente isso principalmente nas padarias, restaurantes e supermercados”, ressaltou Hallite.

A escassez de ovos não é um problema exclusivo do Brasil, mas, por aqui, poucas medidas foram tomadas para amenizar a situação. O economista explica que o aumento do ICMS impactou ainda mais o preço dos alimentos, tornando a alta uma tendência e contribuindo para a arrecadação de impostos.

A ABPA afirma que, apesar da valorização dos ovos no mercado externo, as exportações têm impacto praticamente nulo na oferta interna, representando menos de 1% das 59 bilhões de unidades que deverão ser produzidas este ano. Isso resultará em um consumo per capita de 272 ovos anuais, mais de 40 unidades acima da média mundial.

“Em resumo, além das leis de mercado, como a oferta e a demanda, e da valorização do dólar, estamos enfrentando eventos climáticos severos que afetam todos os setores produtivos. Esse último fator é o mais difícil de prever e corrigir”, conclui Hallite.

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