Em isolamento, motorista de aplicativo relata sintomas e cobra acesso a exame de coronavírus
Por #Santaportal em 18/03/2020 às 11:46
SANTOS – Um motorista de aplicativo de Santos é um exemplo de vários trabalhadores autônomos preocupados com a pandemia do novo coronavírus. Pablo Morgado Jorge, de 33 anos, está sem trabalhar há alguns dias, preocupado com os sintomas que vem sentindo: dor de garganta, dores pelo corpo, falta de ar, tosse e coriza.
Na última terça-feira (10), ele levou duas passageiras que tinham vindo de um cruzeiro e retornariam para Santa Catarina no mesmo dia, além de ter levado uma funcionária do Terminal de Passageiros ao Concais. Na quinta-feira (12), ele fez uma corrida com um americano, que estava com a sua namorada brasileira, e um chileno que tinham cabado de chegar de viagem. Eles foram para a Ponta da Praia.
Por causa desse histórico e dos sintomas que está sentindo, Pablo teme que tenha contraído o vírus do Covid-19. ?Eu fui nesta terça (17) na Policlínica da Pedro Lessa, na Aparecida, e fui bem atendido pela enfermeira. Ela fez um questionário comigo. Contei sobre todos os sintomas que eu estava sentindo, mas quando eu disse que não tive febre ela meio que descartou a doença. Ainda assim, ela ligou para a Vigilância Epidemiológica, que orientou ela que me mandasse ficar em casa?, contou ele, em entrevista ao #Santaportal.
Para o motorista de aplicativo, a população deveria ter acesso a meios mais rápidos para confirmar um diagnóstico. ?Minha dúvida é: como eu trabalho com pessoas, eu posso ter contraído o vírus? Jogadores, técnicos de futebol e até ministros não tinham febre ou outros sintomas e testaram positivo (para o coronavírus). A gente só vê casos em hospitais particulares. Eu não sou o único que está passando por isso, mas nenhuma pessoa consegue acesso a um exame. Eu trabalho com pessoas, que entram o tempo todo no meu carro e elas tem contato direto comigo. Eu não posso ficar parado. Mas para voltar a trabalhar, eu preciso saber se estou ou não?, questionou.
Além de não saber se pode ter contato com o público, a questão familiar é uma outra preocupação para ele. ?Eu moro com a minha esposa, os meus dois filhos ? um menino de 12 e uma menina de sete anos ?, junto com o meu pai, que tem 70 anos. Estamos tomando algumas medidas de segurança, evito ficar no mesmo ambiente que eles. Faço as refeições em horários diferentes e, fora isso, evito contato como abraçar e beijar (as crianças). Minha esposa tem dormido em um quarto com a minha filha e eu fico sozinho em outro cômodo. Mas o meu pai tem 70 anos, fico preocupado porque ele está no grupo de risco. Mas não dá para fugir muito, tenho procurado ficar isolado, dentro do possível?, concluiu.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Saúde, informa, em nota, que a Cidade segue todos os protocolos. Leia a íntegra da nota: “A Secretaria de Saúde de Santos informa que há protocolos para a classificação de casos suspeitos da doença, o que está sendo seguido por todas as unidades da rede municipal de saúde. São considerados suspeitos do Covid-19 as pessoas que apresentarem febre e, pelo menos, um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, entre outros) e histórico de viagens para áreas de transmissão local nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas ou contato com casos suspeitos e/ou confirmados da doença. Estas orientações seguem as recomendações para a nossa região, onde não há casos confirmados da doença, e são repassadas pela Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde, podendo ser alteradas de acordo com a evolução da doença no País. Quando o paciente se enquadra nos critérios de caso suspeito, são coletadas suas amostras e enviadas ao Instituto Adolfo Lutz ? laboratório estadual de referência para o diagnóstico da doença. A pasta solicita que as pessoas evitem procurar as unidades de saúde quando tiver apenas sintomas gripais, sendo recomendado nesta situação o isolamento domiciliar. É preciso procurar o posto de saúde quando há febre persistente e problemas respiratórios como falta de ar”.