Cachorro é esquecido trancado em pet shop de Santos

Por Carolina Iglesias em 13/08/2020 às 08:40

ABANDONO EM PET SHOP – Um caso de maus-tratos contra um cãozinho esquecido trancado dentro de um pet shop, em Santos, está sendo investigado pela Polícia Civil. O crime ocorreu no último sábado (8), em um estabelecimento localizado no Campo Grande. A tutora do animal, um shih-tzu de 6 anos, relatou o episódio nas redes sociais.

De acordo com a analista fiscal Alline Sellera, de 36 anos, essa teria sido a primeira vez que o animal foi levado ao local para tomar banho. “Nós costumávamos levar o Nick em um outro pet shop na rua de trás aqui de casa, mas ele foi fechado. Como minha mãe já frequentava esse estabelecimento para comprar ração, e ela sempre foi muito bem atendida, não vimos problema em realizar o serviço”, conta a analista, que ainda se certificou da boa avaliação do pet-shop na internet.

No sábado, o animal foi deixado no local por volta de 14h30. Porém, em razão do grande movimento de clientes, não havia previsão para o fim do atendimento.

“Por volta das 16h, minha mãe ligou no pet shop e foi informada que ele ainda não havia sido atendido. Pediram para ela deixar um contato telefônico, que retornariam assim que tivessem terminado”, relata a analista fiscal.

Ao chegar em casa, cerca de 1h depois, a tutora do animal questionou a mãe a respeito do cachorro. “Ela me contou o que havia acontecido e estranhei a demora. Comecei a ligar lá, deixei mensagens, mas ninguém atendia. Foi quando minha mãe resolveu ir ao endereço e, ao chegar lá, se deparou com as portas fechadas”.

Sem informações do paradeiro do cachorro, a mãe da analista fiscal voltou para casa. Segundo ela, o pet shop costuma funcionar até as 19 horas. Porém, neste dia, o estabelecimento já havia encerrado as atividades antes do horário previsto.

“Num primeiro momento achei que eles pudessem ter fechado para o público, mas que ainda estariam dentro do local finalizando atendimentos. Porém, quando me dirigi ao endereço, percebi que ele estava realmente de portas fechadas. Entrei em desespero”, desabafa a analista fiscal, que afirma ainda ter entrado em contato por várias vezes com a dona do estabelecimento por telefone.

Moradora ajudou

A aflição de Alline chamou a atenção de uma moradora do bairro, que relatou ter o contato da mãe da proprietária do pet shop. A tutora do cãozinho relatou o que havia ocorrido e, pouco tempo depois, um homem teria estacionado em frente ao pet shop e descido em direção ao estabelecimento.

“Ele não falou nada pra mim. Só foi abrindo a porta e entrando. Na minha cabeça o meu cachorro estava morto. Não imaginei que pudessem ter esquecido ele lá dentro. Quando entrei, estava tudo fechado, escuro. O Nick estava trancado em uma gaiola. Ele tremia de medo”, relatou. 

Alline chegou a informar ao homem que denunciaria o caso à Polícia Civil. “Quando falei, ele debochou de mim. Balançou os ombros, fazendo pouco caso”.

Ainda na noite de sábado, assim que chegou em casa, a analista fiscal registrou um boletim de ocorrência de maus tratos na Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (Depa), sendo encaminhado para investigação no 2º Distrito Policial de Santos.

“O que mais me revolta é que em nenhum momento tive um pedido de desculpas do estabelecimento. E se eu não tivesse conseguido o telefone dos pais da proprietária do pet shop? Eu ficaria até segunda-feira sem notícias do meu cachorro? Eles estão lidando com uma vida. Não foi um objeto que eu esqueci lá dentro”.

Drama foi compartilhado na internet

Sem explicações por parte do estabelecimento, a analista fiscal fez uma postagem em seu perfil nas redes sociais, relatando o ocorrido. Ela conta que seu objetivo foi o de fazer um alerta a outros tutores de animais. “Espero que isso não aconteça com mais ninguém. Passei por um desespero muito grande, por ficar sem informações”, relatou a jovem, afirmando ainda que o episódio teria desencadeado uma espécie de trauma no cachorro.

“Depois de ter sido esquecido, o meu cachorro ficou super nervoso. Ele está até tomando um floral, por orientação da sua veterinária. Acho que eles deveriam ter tido mais cuidado. Ter feito uma varredura no pet shop antes de ter fechado as portas”, lamentou.

Outro lado 

A Reportagem procurou a responsável pelo pet shop, que informou que o animal não havia sido abandonado. Ela desmente que o cãozinho foi deixado em uma gaiola, no escuro, e ressalta que por diversas vezes tentaram entrar em contato com a mãe da analista fiscal, que teria levado o animal para banho e tosa.

Em entrevista ao Santa Portal, a proprietária, que não quis ser identificada, conta que na data, o local estava bastante movimentado, o que atrasou a conclusão do serviço. “Ela (mãe da analista), entrou em contato por telefone para saber se o animal estava pronto mas, por alguma falha, o telefone não estava correto. Temos o costume de sempre anotar o endereço dos clientes, mas no dia, como ela estava com pressa e disse que residia próximo ao pet shop, acabou não deixando”, informou.

Ainda segundo ela, além do shih-tzu, outros quatro cães, que também haviam tomado banho no pet shop, precisavam ser entregues. Sem conseguir contato com a tutora do animal, os donos o deixaram no estabelecimento, enquanto faziam a entrega dos demais cachorros.

“No dia estava dando jogo do Palmeiras e Corinthians e ficamos esperando por ela até o fim da partida. Em nenhum momento abandonamos o cãozinho. Estamos aqui há quatro anos e nunca tivemos problema. O que aconteceu foi que não conseguimos contato com ela. Por isso, deixamos o cachorro na sala onde ocorrem os atendimentos veterinários, que tem ventilação e é iluminada. Ele também tinha água e havia sido alimentado. Nós íamos voltar ao local”, relata a mulher.

Ainda segundo ela, quando foi acionada por telefone pela analista fiscal, retornou prontamente ao pet shop para fazer a devolução do cãozinho. “O meu marido chegou a pedir desculpas para ela, que estava alterada, o que é compreensível, mas ela disse apenas que faria um boletim de ocorrência contra a clínica”. 

 

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