Baixada Santista já contabiliza 28 mortos na tragédia provocada pelas chuvas; 42 estão desaparecidos
Por Estadão Conteúdo em 05/03/2020 às 19:06
GUARUJÁ – A Defesa Civil do Estado informa que as chuvas extremas que incidiram sobre a região da Baixada Santista na madrugada de terça-feira (3) provocaram, até o momento, 28 mortes. Outras 42 pessoas estão desaparecidas, nos seguintes municípios: Guarujá (23 mortes e 36 desaparecidos), Santos (3 mortes e 5 desaparecidos) e São Vicente (2 mortes e 1 desaparecido). O número atual de desabrigados é de 228 no Guarujá, 3 em São Vicente, 150 em Santos e 102 em Peruíbe.
A cidade mais atingida foi o Guarujá, que concentra o maior número de mortes. Santos e São Vicente também têm mortos e desaparecidos. De acordo com os bombeiros, o Guarujá tem até agora 21 mortos. Quatro corpos foram localizados no Morro do Macaco Molhado, 16 no Morro Cantagalo e um na rodovia Ariovaldo de Almeida Viana. Em Santos, foram três mortes confirmadas. Em São Vicente, duas mortes. Ainda de acordo com os bombeiros, uma vítima de deslizamento morreu em um pronto-socorro, mas a corporação não informou o local do óbito.
Dados do Núcleo de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil do Estado de São Paulo indicam que, até as 4h da manhã de terça-feira, 3, o acumulado de chuvas nas 12 horas anteriores no Guarujá foi de 282 mm, em Santos de 218 mm, em Praia Grande 170 mm e São Vicente, 169 mm.
Na quarta-feira, 4, também choveu na região, mas em volume menor Nesta quinta-feira, a previsão na região é de céu nublado com possibilidade de chuva fraca e isolada ao longo do dia. De acordo com a Defesa Civil, o volume previsto não é significativo, inferior a 10 mm. No entanto, devido ao solo estar bastante encharcado e o acumulado de chuvas em 72h estar muito elevado, o alerta para risco de deslizamentos permanece.
HERÓI
“Ele morreu como um herói, fazendo o que gosta”, disse Ana Moraes, viúva de Rogério de Moraes Santos (foto abaixo), de 43 anos, um dos dois bombeiros que morreram enquanto tentavam salvar uma mulher e um bebê no Guarujá, cidade mais atingida pelas chuvas. A dupla participava do resgate quando houve novo deslizamento.
“Só tenho a agradecer por ter compartilhado esses 23 anos com ele”, acrescentou a dona de casa. O velório de Santos foi feito na tarde desta quarta-feira, 4, no Cemitério Municipal da Saudade. O corpo chegou ao local por volta das 12 horas em um caminhão do Corpo de Bombeiros. A viúva e os três filhos do casal – duas jovens, de 21 e 19 anos, e um adolescente de 16 – também estavam no veículo. Na sala ao lado, ocorreu o velório da mãe e da criança que morreram soterrados no Morro do Macaco Molhado.
Aos poucos, bombeiros de diversos batalhões chegaram para uma última homenagem a Moraes. Alguns mais próximos e que trabalhavam com ele estavam muito emocionados. Um deles foi o sargento Francisco dos Santos, que se formou com Moraes e trabalhou com ele ao longo dos últimos 20 anos. “Era um cara íntegro, honesto e grande parceiro. Um pai de família, um grande confidente meu. É difícil falar algumas palavras, mas Deus levou nosso amigo para junto dele. O Moraes era o que define ser bombeiro”, disse.
Companheiro de batalhão de Moraes, o cabo Amorim também falou emocionado sobre o parceiro. “Trabalhávamos juntos em Vicente de Carvalho. Era um excelente amigo, um cara sério, excelente profissional”, ressaltou o colega.