17/01/2021

Acidentes com serpentes na Baixada Santista são mais comuns no verão, diz especialista

Por Noelle Neves/#Santaportal em 17/01/2021 às 12:16

ALERTA – O verão está aí e quem curte fazer trilha, deve tomar cuidado por onde pisa. Essa é a estação do ano em que mais ocorrem acidentes com serpentes peçonhentas na região. A afirmação é do biólogo especialista em serpentes, Giuseppe Puorto, diretor do Museu Biológico do Butantan.

A explicação para isso é que tanto no verão, quanto na primavera, por causa das altas temperaturas, os bichos têm o comportamento comum: saem para buscar comida e é a época de nascimento de filhos. No inverno e outono, o hábito é de se manterem escondidas, porque o metabolismo fica mais lento, o que dificulta o encontro com seres humanos.

De acordo com Puorto, 85% das serpentes da região não têm peçonha e 15%, tem, sendo as espécies mais comuns jaracara, jararacuçu e coral (com menor incidência de acidentes). Ao #Santaportal , ele ressaltou que, independentemente das características físicas do animal, a recomendação é sempre que avistar um ofídio, manter distância. Isso porque a maior parte dos acidentes ocorre quando a pessoa pisa e não vê ou tentar segurar o animal.

Se o cuidado com cobras d’água e caninanas são importantes, com as peçonhentas, são extremamente imprescindíveis. Vale lembrar que envenenamentos podem causar sequelas.

Para reconhecer, jararaca e jararacuçu, como são do mesmo grupo, é preciso observar algumas coisas: velocidade, pois são mais “lerdas” que outras espécies; escamas opacas; presença de um orifício extra virado para frente, localizado entre os olhos e a narina, visível para quem está de frente e de lado; pupila vertical, semelhante as de gatos.

Agora quando se trata de coral, a identificação é mais difícil, visto que algumas produzem peçonha e outras, não. A espécie possui escamas brilhantes e o corpo formado por anéis. Como são ágeis, é imprescindível manter distância segura. “O comportamento natural é de fuga, mas podem ocorrer acidentes com pessoas distraída ou que tentam pegar”, reforçou o especialista.

Segundo Giuseppe, as sequelas variam conforme a quantidade de veneno injetado. Muitas vezes, não há manifestação clínica, porque não foi injetado o suficiente para manifestar algo. O médico determinará os cuidados com base nos sintomas apresentados.

“Jararacuçu e jararaca apresentam as mesmas consequências, após o envenenamento: dor, inchaço, vermelhidão. Se demorar para conseguir socorro, pode desenvolver necrose. No caso da coral, o local dificilmente dói, porque o efeito do veneno é diferente. É algo discreto. A pessoa pode sentir parestesia (adormecimento) e isso mostra que a ação não é local, atinge o sistema nervoso. Em um prazo de até 1 hora, a pálpebra cai. O que mata uma pessoa em caso de coral é a insuficiência respiratória e aguda, o que acontece muito raramente”, explicou.

No caso de acontecer uma picada, independente da espécie, a avaliação de um profissional é necessária, o mais rápido possível. “Essa agilidade é fundamental, principalmente quando falamos em acidentes com jararacuçu, jararaca e coral. Aplicar o soro em até seis horas, enquanto veneno ainda está circulando, diminui a chance de uma sequela grave”, enfatizou.

Primeiros socorros em acidente com serpentes peçonhentas

  • Manter a calma;
  • Lavar o local com água e sabão para evitar possíveis infecções secundárias;
  • Procurar um serviço médico urgentemente;
  • Tentar elevar o local para diminuir o inchaço (caso seja em braços ou pernas);
  • Não amarrar (fazer torniquete);
  • Não furar;
  • Não “chupar” o veneno;
  • Não beber nada além de água;
  • Não colocar nada em cima do ferimento;
  • Não tentar matar a serpente, porque pode causar outra picada.

 

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Jararacuçu. Foto: Divulgação

Local de atendimento para acidentes com animais peçonhentos

Os acidentes com animais peçonhentos na Baixada Santista são atendidos no Hospital Guilherme Álvaro. Não é preciso dar detalhes físicos do animal para receber atendimento, os médicos são capacitados para fazer leitura dos sintomas e ministrar o tratamento adequado. 

Em caso de dúvidas, o Hospital do Butantan pode ser consultado. O próprio Giuseppe identifica as espécies e faz a devolutiva aos hospitais responsáveis pelos pacientes.

É importante ressaltar que não há motivo para desespero, quando falamos em acidentes com serpentes. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, até outubro de 2020, se todos os acidentes com animais peçonhentos, foram registrados 1.410 casos, com apenas duas mortes, em todo a São Paulo.

O órgão ampliou também em 2020 em 22% a rede de pontos estratégicos para aplicação de soro antiveneno.  

Como evitar o aparecimento e acidentes com animais peçonhentos?

  • Manter jardins e quintais limpos, com a grama aparada;
  • Evitar o acúmulo de entulho, folhas secas e lixo doméstico;
  • Usar telas em janelas, ralos, pias e tanques, sempre sacudindo roupas e sapatos antes de usá-los;
  • Ao manusear árvores, troncos, folhas e gravetos, utilizar luvas;
  • Evitar a aproximação de colmeias e jamais remover colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências. O trabalho deve ser realizado por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos;
  • Ao adentrar ambientes de mata, utilizar calça, bota cano alto e perneira de couro.

Casos na região

Na primeira semana deste ano, um adolescente de 14 anos recebeu uma picada de serpente de espécie desconhecida, enquanto empinava pipa, em Itanhaém. No entanto, já foram vistas na região: caninanas, cobras d’água, coral, jararaca, jibóia e jararacuçu.

O #Santaportal noticiou no verão do ano passado, um acidente envolvendo uma jararaca e um motorista , em São Vicente.

Esdras Barbosa dos Santos estava voltando para casa de bicicleta, quando foi surpreendido pela jararaca. “Eu estava andando de bicicleta, no sentido Quarentenário, quando o pneu furou. Quando desci da bicicleta, eu pisei na jararaca e ela mordeu o meu tornozelo. Cheguei na minha casa desesperado”, disse.

Por conta própria, o motorista fez os primeiros socorros, mas depois procurou atendimento médico, preocupado com a situação. “Em casa eu cortei com o aparelho de barbear ao redor da mordida até sangrar. Depois, fui levado para o Pronto-Socorro do Humaitá e, em seguida, encaminhado para o Crei (atual Hospital Municipal de São Vicente) e fiquei cinco horas lá, até decidirem me transferir para o Guilherme Álvaro”, contou.

Esdras deu entrada ainda em um domingo no Hospital Guilherme Álvaro, onde recebeu atendimento médico dois dias depois. Ele foi medicado e ficou internado em observação.

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