Simply Red mostra que segue flamejante em show repleto de hits
Por Ivan Finotti/Folhapress em 16/03/2025 às 14:39

Com o cabelo ainda flamejante aos 64 anos, Mick Hucknall gritou “oi, paulistas”, às 21h, na noite deste sábado, para um Allianz Park lotado. Era um público de mais de 40 anos ardentemente apaixonado pelo Simply Red.
O show de duas horas não teve pista, mas sim cadeiras colocadas sobre as placas que protegiam o gramado -19 horas após a apresentação, o estádio receberia a primeira partida da final do campeonato paulista, entre Palmeiras e Corinthians.
Com um jaquetão quadriculado, de tecido bem escuro, e camisa negra brilhante com motivos psicodélicos, Hucknall desfilou 22 canções, quase todas acompanhadas em coro pela plateia. E com uma voz ainda incrível, alcançando as notas como se ainda estivesse nos anos 1980.
Ainda que Mick Hucknall seja o único remanescente da banda de Manchester que lançou o álbum de estreia em 1985 -o saxofonista Ian Kirkham entrou no ano seguinte; os outros, bem depois–, ele sempre foi a cara e a voz inconfundível que marcou o Simply Red.
“Money’s Too Tight (to Mention)”, “Stars”, “If You Don’t Know Me by Now”, “The Air That I Breathe”, “Something Got Me Started” e a derradeira “Holding Back the Years” fizeram milhares se levantar, dançar e beijar as caras-metades num show que foi ensolarado, apesar de noturno.
Muitas dessas músicas do Simply Red, com metais e ritmos bebidos no soul e no jazz, foram trilhas sonoras de novelas da Globo, como “Roda de Fogo”, de 1986, e “De Corpo e Alma”, de 1992.
No caso de “You Make Me Feel Brand New”, a música não apenas apareceu em “Celebridade”, de 2003, como Hucknall veio ao Brasil e gravou uma participação na casa de shows da personagem Maria Clara Diniz, interpretada por Malu Mader.
Bregas foram alguns dos vídeos exibidos nos telões atrás da banda. Oceanos, pores do sol, campos, flores, trigais, um verdadeiro compilado de descansos de tela. Em outras músicas, porém, as imagens melhoraram, com desenhos, animações, grafismos e psicodelia.
Além da idade do público, quarenta também era o mote da festa. O show de sábado fez parte da turnê de quatro décadas do lançamento do primeiro álbum do Simply Red, “Picture Book”, de 1985, quando a banda estourou imediatamente no Reino Unido e no mundo.
A tour de 40° aniversário começou em fevereiro no México e seguiu para o Chile e Rio de Janeiro. Após São Paulo, eles devem tocar em mais 50 estádios, incluindo o Wembley, em Londres, em outubro.
O grupo foi criado em Manchester em 1985 e vendeu mais de 60 milhões de álbuns em todo o mundo e colocou cinco de seus treze álbuns no número 1 em vendas no Reino Unido -os oito restantes estiveram no top 10.
Apontado como obra-prima do grupo, “Stars”, de 1991, manteve o título de álbum mais vendido da Grã-Bretanha e da Europa por dois anos consecutivos. O Simply Red já teve cerca de 2 bilhões de audições em plataformas de streaming e possui mais de 1,3 milhão de assinantes no YouTube.
Hucknall começou sua carreira em 1976, quando, aos 16 anos, montou uma banda punk com uns caras que conheceu num show dos Sex Pistols em Manchester. Esse grupo, Frantic Elevators, lançaria alguns singles, sendo o último deles “Holding Back the Years”, em 1982. A canção se tornaria famosa no álbum de estreia do Simply Red, três anos depois.
Seu último álbum, “Time”, é de 2023. Recentemente, Hucknall e sua banda têm se dedicado a um projeto de regravação de seus maiores sucessos, com roupagens mais modernas.