Professor da Unisanta, Eduardo Rajabally revela comoção da equipe com sua nova série 'Volta Priscila'
Por Leonardo Volpato/Folhapress em 10/10/2024 às 20:00
A trama, dirigida pelo professor da Unisanta, Eduardo Rajabally, se passa em quatro episódios e que a partir desta quinta (10) será exibida na Band, rememora a traumática e até aqui inconclusiva história do sumiço de Priscila Belfort, irmã do lutador Vitor Belfort.
“É impossível não se envolver emocionalmente quando fazemos uma série baseada numa história real”. A frase é da diretora de conteúdo e pesquisa Bruna Rodrigues, profissional que esteve à frente da ideia e da produção da série documental “Volta Priscila”, disponível no Disney+.
Priscila desapareceu em janeiro de 2004 e nunca mais foi vista. A produção demorou dois anos para ser realizada, e a equipe mergulhou nas histórias da família, além de vídeos VHS e outros arquivos pessoais.
“Acho que esse caso é emblemático porque mostra como uma investigação pode te levar a muitos lugares e, ao mesmo tempo, a lugar algum. A cada nova pista e descoberta, esperança e dor se misturavam. Tudo isso em vão. São 20 anos de muito sofrimento”, analisa o diretor Eduardo Rajabally.
Segundo ele, foram três os desafios principais para a execução da obra. O primeiro deles: entender como retratar visual e dramaturgicamente os momentos cruciais da vida de Priscila, numa mescla de intensidade, ação, leveza e poesia.
Depois, filmar um true crime em que não existe cena do crime, suspeito, corpo, e nem veredito. Por último, como construir essa narrativa de maneira que o público mergulhe nos acontecimentos e se envolva durante os episódios, mesmo sabendo que Priscila ainda não foi encontrada.
Rajabally conta que a adesão da família Belfort ao projeto foi fundamental. “É aqui que pontes de confiança e amizade são construídas. Na minha carreira, tenho devoção total às pessoas que retrato. Meu compromisso é com elas. Com muita coragem, essas pessoas depositam suas histórias de vida e sofrimentos, intimidades e sentimentos”, avalia.
Ao longo dos capítulos, o público conhece mais sobre a vida, os sonhos e os planos de Priscila. “Foi uma forma de conhecê-la, apresentá-la ao público e torná-la uma voz muito ativa dentro dos episódios da série”, comenta o diretor.
A produção passou bastante tempo em conversas informais com familiares, como com a mãe, Jovita, o irmão Vitor, a cunhada Joana Prado e o pai, Zé Marcos. Tudo para, aos poucos, reconstruir o universo em que Priscila estava inserida, além de seus gostos pessoais, personalidade e temperamento.
“A ideia da série é recuperar a imagem equivocada que a grande mídia divulgou à época do desaparecimento. É inevitável esperar que um projeto com tamanha abrangência desencadeie novos fatos numa investigação marcada por lacunas, vícios e contradições”, reforça Bruna.
Os diretores avaliam que não tiveram o intuito de deixar suas emoções de lado e que elas auxiliaram na realização do documentário. E que mesmo após 20 anos, a família Belfort segue confiante que em breve o desaparecimento de Priscila possa ter uma conclusão.
“A morte é algo que faz parte da vida. E por mais dolorosa que seja, passamos por um processo de luto que culmina com a memória e a saudade de alguém amado em vida. Nas palavras da própria Jovita Belfort [mãe], ‘é uma ferida aberta que dói todos os dias da mesma forma’. Nesse contato, pude perceber que se trata de algo longe de cicatrizar”, completa Eduardo.