12/02/2024

Imperatriz, Beija-Flor e Grande Rio são destaques da primeira noite na Sapucaí

Por Bruna Fantti e Yuri Eiras/Folhapress em 12/02/2024 às 11:20

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Imperatriz Leopoldinense, Beija-Flor e Grande Rio foram os destaques da primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio, que teve como marca enredos inspirados em obras literárias.

Primeira escola a entrar na Marquês de Sapucaí, a Porto da Pedra -de volta à elite do samba após 12 anos- fez um desfile com grandes alegorias para exaltar o saber popular da cultura nordestina. Com alas repletas de elementos regionais, a escola sofreu com a evolução.

Entre a quinta e a sexta alegoria as alas se distanciaram, formando um buraco na avenida. Já na dispersão, o último carro bateu na grade de segurança e deixou uma funcionária ferida, sem gravidade. Na reta final da apresentação da escola de São Gonçalo, os componentes tiveram que correr para não estourar o tempo.

A Beija-Flor de Nilópolis, segunda escola a desfilar na noite de domingo (11), apostou em alegorias e fantasias luxuosas, abusando do dourado, no enredo sobre Rás Gonguila -folião do carnaval de Maceió nas décadas de 1920 e 1930 que afirmava ser descendente direto do último imperador da Etiópia.

A comissão de frente chamou atenção com componentes que formavam um pião humano. A terceira alegoria, com elementos da cultura e religião da Etiópia, trouxe Benedito dos Santos, filho de Rás Gonguila, caracterizado de imperador Haile Selassie, de quem o pai afirmava ser descendente. O carro, decorado com zebras e leões, foi muito celebrado pelo público.

A escola, no entanto, deve perder pontos na evolução -a quinta alegoria travou pouco depois de entrar na avenida e um grande buraco foi deixado.

O Salgueiro levou para a Sapucaí a história do povo yanomami, e contou com a colaboração de Davi Kopenawa para desenvolver o enredo. Ao todo, 13 lideranças indígenas -como a ministra Sônia Guajajara (Povos Indígenas), e a presidente da Funai, Joênia Wapichana- participaram do desfile.

A comissão de frente foi destaque com uma árvore-mãe e integrantes representando indígenas que se transformavam em conchas e animais da floresta.

Alas e carros representaram a luta dos povos indígenas pela terra. A quinta alegoria mostrava um grande indígena nadando contra a destruição. Uma ala fez uma homenagem ao jornalista britânico Dom Phillips e ao indigenista Bruno Pereira, mortos em junho de 2022 durante uma viagem pelo Vale do Javari, segunda maior terra indígena do Brasil, no Amazonas.

A Grande Rio aproveitou que neste ano as escolas puderam controlar a iluminação da Sapucaí e inovou com apagões, fantasias e adereços de cores escuras e muito LED. Além disso, levou para a avenida tendência dos grandes shows: distribuiu pulseiras luminosas para o público que brilhavam em determinados momentos da apresentação.

Com enredo inspirado no livro “Meu Destino É Ser Onça”, de Alberto Mussa, que aborda a criação do mundo pelo mito tupinambá, a escola encheu a avenida de animais e elementos indígenas.

A atriz Paolla Oliveira, rainha de bateria, virava uma onça quando puxava o cocar, revelando uma máscara do animal com com olhos de LED.

A Unidos da Tijuca inspirou-se em obras literárias, como “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, para homenagear Portugal, explorando mitos, lendas e símbolos lusitanos.

A comissão de frente representava a lenda da fundação de Lisboa, que envolve figuras mitológicas gregas. Alas trouxeram referências ao período das navegações e conquistas do país.

A escola também homenageou personalidades como o escritor José Saramago, representado em uma escultura no quarto carro. A cantora Lexa veio à frente da bateria como uma rainha moura.

Atual campeã do Carnaval, a Imperatriz Leopoldinense levantou o público com desfile inspirado na história do povo cigano, assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira.

A comissão de frente impressionou ao suspender uma das integrantes a dez metros de altura, presa pelas costas a um balão, que representava a Lua. O elemento faz referência a um trecho do samba “com a sorte virada para a lua”.

As alas -com fantasias bem acabadas e de fácil compreensão- exploraram o esoterismo, com olhos de vidente e signos do zodíaco.

O samba-enredo da escola “pegou” o público, que cantou o refrão “vai clarear /olha o povo cantando na rua/ a Imperatriz desfila com a sorte virada para a Lua” à capela a cada paradinha da bateria.

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