Gabriel Leone explica por que precisou 'se apagar' para viver Ayrton Senna em série da Netflix

Por Vitor Moreno/Folhapress em 14/11/2024 às 09:41

Reprodução/Instagram @leonegabriel
Reprodução/Instagram @leonegabriel

Gabriel Leone, 31, não se acha parecido com Ayrton Senna (1960-1994). “Não acho que eu tenha uma semelhança instantânea com ele”, diz sobre o piloto de Fórmula 1, um dos maiores ícones do esporte brasileiro. No entanto, quem assistir à série “Senna”, que estreia no dia 29 na Netflix e é estrelada pelo ator, pode ter outra impressão.

À reportagem, ele explica a mágica, que teve o dedo do caracterizador Martín Macías Trujillo. “A forma com que ele encontrou o Senna em mim foi, primeiro de tudo, começar a me apagar, a sumir com as minhas características físicas”, afirma. “[Foi] quase como se ele fosse botar uma certa tela branca e, a partir disso, ressaltar características do Senna.”

O ator conta que, em um processo bastante colaborativo, foi experimentando possibilidade de nariz, orelhas e cabelos, entre outros, até chegar ao resultado final. Afinal, era importante alcançar de alguma forma a figura do ídolo, cuja morte marcou toda uma geração, era importante para que o espectador embarcasse na história.

“Como o Ayrton é uma figura muito lembrada e de traços físicos muito marcantes, a gente sabia que, para contar essa história”, avalia. “Mesmo fugindo de qualquer tipo de imitação, teríamos que chegar numa imagem que as pessoas identificassem.”

Mas não era só o físico que importava nesse processo, que ele classifica como o mais complexo e desafiador de sua carreira. “Tem a voz, o jeito, a energia, a essência do Senna”, enumera. “Isso foi a parte mais importante da minha pesquisa, porque não adiantaria também estar idêntico, sem essa parte interior. Tive que fazer um mergulho profundo para encontrar, mas estou bem feliz e orgulhoso do resultado.”

Para essa outra parte da criação, ele contou com a ajuda de familiares do piloto, que aprovaram sua escalação para a série. Ele conversou com Viviane Senna (na série vivida por Camila Márdila) e com Bianca Senna, irmã e sobrinha de Senna, respectivamente, para saber como ele era na intimidade.

“Elas foram muito generosas de compartilhar comigo cartas, algumas gravações de voz dele e, acima de tudo, histórias e a visão delas de como era a convivência delas com o Ayrton”, diz.


“Isso foi muito importante para mim porque, quando a gente fala no Senna, imediatamente a gentepensa no piloto. A imagem que vem é ele, um macacão vermelho, capacete, carro, corrida, vitória”, enumera. “E a nossa série tem a possibilidade de apresentar para as pessoas não só o Senna, piloto genial e revolucionário, mas o humano. É o Ayrton por trás do piloto.”

Até por isso, Leone defende a aparição de três grandes amores que Senna teve em vida: a primeira esposa, Lílian de Vasconcellos Souza (interpretada por Alice Wegmann), a apresentadora Xuxa (Pâmela Tomé), que estava no auge da fama, e a então pouco conhecida Adriane Galisteu (Julia Foti), que era a companheira do piloto quando ele sofreu o acidente fatal em Ímola, na Itália, mas nem sempre é citada pela família dele. “As três que estão ali são de suma importância na vida dele”, avalia.

No entanto, a prioridade de Senna, além da família (“ele tinha essa raiz muito forte”), sempre foi a profissão, o que afetou bastante seus relacionamentos ao longo da vida. “O grande amor da vida dele era correr, era a velocidade, eram automóveis”, comenta.

“É só você pensar na vida de um piloto, que de duas em duas semanas está em um lugar do mundo, além da dedicação, da preparação, dos treinos etc”, lembra. “Não é uma rotina fácil de você acompanhar, né? E, sendo essa a grande paixão dele, acho que, de alguma forma, isso interferia, sim, nas relações.”

Para o ator, mostrar como esses relacionamentos se construíram é um dos diferenciais desse trabalho. “É a experiência complementar, essa experiência completa que a gente tem na nossa série”, diz. “Acho que o roteiro é muito bem construído nesse sentido, de amarrar esse lado pessoal dele com o lado atleta.”

Rivalidade

No lado esportivo, um dos principais motes que conduzem a trama é a rivalidade de Senna com o tetracampeão Alain Prost, que foi seu companheiro de equipe na McLaren. Os dois alternaram momentos de proximidade e distância ao longo da vida.

“Eles eram amigos e rivais e poder explorar ambos os lados da relação entre esses caras foi realmente fascinante e complexo”, diz o ator Matt Mella, 34, que dá vida ao piloto francês na produção. Ele conta que, na primeira audição para o papel, recebeu uma cena de briga, mas que torceu para que a série incluísse também a retomada da amizade entre ambos após a aposentadoria de Prost.

“Lembro de ter pensado: ‘Deus, eu realmente espero que eles não deixem isso fora da série, porque seria um erro real'”, lembra. “E, então, a cena que eles enviaram para a segunda audição foi a que você diz: ‘Ok, eles conseguiram, o círculo se completou’.”

Também francês, Mella diz que já acompanhava um pouco de Fórmula 1, mas sabia pouco sobre o período retratado na série, que vai do começo dos primeiros passos de sua vida no esporte até o final abrupto de sua vida, em 1994. Mesmo assim, diz que a fama de Senna o precede.
“Você não tem como evitá-lo no esporte, porque é como assistir a basquete e não falar sobre o Michael Jordan”, compara.

“SENNA”
Quando Estreia 29/11 na Netflix
Classificação 16 anos
Elenco Gabriel Leone, Alice Wegmann, Pâmela Tomé, Julia Foti, Matt Mella, Kaya Scodelario e Camila Márdila, entre outros.
Direção Vicente Amorim e Julia Rezende

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