02/02/2025

Finneas, irmão e produtor de Billie Eilish, agora tenta sair das sombras com disco solo

Por Guilherme Luis/ Folha Press em 02/02/2025 às 10:47

Divulgação
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Finneas O’Connell tinha só 22 anos quando produziu e gravou no quarto que dividia com a irmã mais nova, Billie Eilish, o disco que mudaria a vida deles, “When We All Fall Asleep, Where do We Go?”, com o qual eles venceram os quatro principais troféus do Grammy.

Celebridades instantâneas, e com a indústria da música aos seus pés, os dois enriqueceram, fizeram mais dois discos, saíram juntos em turnês e foram paparicados até por Hollywood, se tornando as pessoas mais jovens a terem vencido duas estatuetas no Oscar.

Mas foi Eilish, que hoje tem 23 anos, quem virou o rosto e a voz da dupla. Finneas, tem tentado então sair da sombra da irmã, e para isso lançou o disco “For Cryin’ Out Loud”, frase inglesa usada para expressar indignação, sentimento que permeia todo este segundo projeto solo do músico. “Fiz o álbum para conseguir respostas diferentes às minhas perguntas”, diz ele à Folha, por vídeo.

No disco, Finneas percorre temas como a busca pelo autoconhecimento, as complexidades humanas, relações familiares e vulnerabilidade emocional –temas que já eram caros a ele quando trabalhava com a irmã. Eilish, porém, não é creditada em nenhuma das faixas do álbum, enquanto o nome de Finneas aparece em praticamente todas as fichas técnicas das canções dela.

“Não”, ele afirma, categórico, ao ser questionado se teria mantido a irmã longe na tentativa de se distanciar da identidade musical que ela construiu. “Amo escrever com a Billie. Mas ela estava sem tempo, gravando videoclipes e a fazendo capa do álbum dela. Eu só quis me manter ocupado enquanto ela também estava”, diz Finneas.

“E uma coisa ajuda a outra. Quando trabalho com ela, melhoro as músicas que faço para mim. E se estou produzindo algo meu, me torno um parceiro melhor para ela.”

Eilish lançou em maio do ano passado o “Hit Me Hard and Soft”, seu terceiro disco, escrito e produzido por ela e Finneas, como foi também o álbum anterior, “Happier Than Ever”, de 2021, e o primeiro, que explodiu com os hits “Bad Guy” e “When the Party’s Over”.

Eles divulgaram o álbum juntos, tendo dado várias entrevistas para falar do processo de escrevê-lo e gravá-lo –com ele concorrem a seis estatuetas do Grammy que ocorre neste domingo, incluindo a principal, de disco do ano.

Mas, apesar disso, pela primeira vez Finneas decidiu não acompanhar a irmã em sua turnê. Preferiu iniciar uma maratona de shows dele próprio, dedicada ao “For Cryin’ Out Loud”, e também às músicas do seu primeiro álbum, o “Blood Harmony” (2019). Os fãs estranharam –era de praxe que ele aparecesse em quase todos os shows dela, como foi no único feito em solo brasileiro, no Lollapalooza, em 2023.

Na época, aliás, Finneas e Eilish estavam produzindo em segredo o vindouro “Hit Me Hard and Soft”, que só sairia um ano depois. Entediados, ele aproveitaram a lentidão do trânsito de São Paulo para bolar a melodia de “Birds of a Feather”, música que se tornou a mais tocada do mundo no Spotify em 2024.

“É uma memória fofa. Estávamos em um carro blindado, de janelas à prova de balas, fazendo uma versão da música enquanto esperávamos para chegar ao show”, ele conta.

Vencedor de dez prêmios do Grammy, Finneas é considerado um dos produtores mais inventivos em atividade. Nos trabalhos com a irmã, tenta impressionar o ouvinte com a mistura de sonoridades muito distintas, como em “L’ Amour de Ma Vie”, que começa com uma melodia lenta, e no meio vira um batidão eletrônico cheio de sintetizadores e Auto-Tune, algo que remete ao pop dos anos 1980. Ele fez o mesmo tipo de transição abrupta em “Happier Than Ever”, que vai do violão acústico ao rock barulhento.

No seu disco solo ele seguiu um caminho mais comedido. São músicas lineares, mas ainda cheias de instrumentos e camadas que lembram uma versão mais suja e melancólica do pop feito por Harry Styles, por exemplo.

E ele tem apreço, quase uma exigência, por fazer sua música dentro de casa. “Amo a luz do dia, ver minha janela, ter essa mesa de trabalho que está bem na minha frente.”

É o que Finneas diz enquanto pega o celular com as mãos e se levanta para filmar e mostrar a este repórter o cômodo onde ele guarda seus instrumentos. O músico mora numa mansão em Los Feliz, um bairro de Los Angeles, cidade onde nasceu e passou a vida toda.

“Sou mais feliz aqui do que num estúdio escuro de um prédio qualquer em Hollywood“, ele diz. “Produzir onde eu moro me ajuda também a escrever músicas, minha imaginação fica mais solta. Claro, tem o fato de que vez ou outra preciso esperar o barulho do cortador de grama do meu vizinho. Mas tudo bem.”

For Cryin’ Out Loud

Autoria: Finneas

Gravadora: Universal

Onde: ouvir Nas plataformas digitais

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