Detonautas promete show com hits do início ao fim em Santos
Por Blog n' Roll em 26/05/2024 às 08:00
Atração do segundo dia da sexta edição do Santos Rock Festival, que acontece neste domingo (26), a partir das 15h, no estacionamento da Arena Santos, o Detonautas promete um show de hits do início ao fim. Para o vocalista, Tico Santta Cruz, não tem como ser diferente em um festival.
“É show de hits, é como a gente toca em festival, do início até o final. A prioridade é fazer com que a galera possa ter o contato com os grandes sucessos da banda e sair super feliz, que seja uma noite super divertida. Pelo menos nesse aspecto, a gente tem bastante coisa pra mostrar. A gente tem muita música famosa, muito hit”, adiantou Tico em entrevista ao Santa Portal.
Até a apresentação do ano passado, no Arena Club, o Detonautas ficou uma década sem tocar em Santos, apesar de ter se apresentado em outros municípios da Baixada Santista. Agora, pelo segundo ano consecutivo na cidade, Tico espera voltar a aparecer com mais frequência.
“Não sei dizer exatamente o motivo para esse distanciamento, talvez outros estilos, outros artistas estivessem mais próximos da cidade. Mas a gente também ficou um pouco distante, coisas da minha vida particular também afetaram as demandas da banda. Mas isso foi superado. A gente fez um show ano passado que foi bem legal, e agora temos esse show junto com outras duas bandas que são muito bacanas, que a gente também tem uma relação muito boa”.
Tico ressalta que o Estado de São Paulo voltou a marcar presença forte na agenda da banda, mas não esconde o carinho especial por Santos.
“É uma cidade que, lá no começo, a gente tinha toda aquela mística por conta do Charlie Brown Jr, uma banda que nos influenciou. Então a gente tinha aquela ansiedade de poder agradar o público de Santos, poder fazer alguma coisa com a galera de Santos e tal, no começo da banda. Tivemos algumas oportunidades, nos distanciamos e retornamos agora”.
O retorno em um festival é um prato cheio para o artista, que vê com bons olhos a possibilidade de conquistar novos fãs.
“Esse tipo de festival é muito bom porque ele agrega vários públicos diferentes, idades diferentes, gerações diferentes. A tendência é de que exista também uma geração mais nova, né? Porque aí acaba que a família leva o filho, leva a filha e tudo. Isso é bem legal pra gente”.
Confira abaixo mais um pouco da entrevista com Tico Santta Cruz
VOCÊ SEMPRE FOI UM CARA MUITO ENVOLVIDO EM CAMPANHAS SOCIAIS. AGORA, COM A TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL, NÃO TEM SIDO DIFERENTE. O QUÃO IMPORTANTE É A PARTICIPAÇÃO DE ARTISTAS NESSAS CAMPANHAS?
É um posicionamento da minha natureza, assim como dos meus amigos do Detonautas. Se a gente está junto até hoje, é porque a gente tem uma natureza semelhante. O Detonautas sempre se propôs a participar, desde o começo da sua própria existência, de uma causa que demande ajuda solidária, fazer algo para poder retribuir o que a gente recebe de presente, de privilégio. Afinal de contas, a gente vive de uma coisa que a gente ama, isso é uma coisa muito difícil. Trabalhar com uma coisa que você gosta e poder viver da sua arte, é um privilégio.
Acredito que encarar esse privilégio tem um ditado que levo muito em consideração: nossas responsabilidades são do tamanho dos nossos privilégios. Dentro dessa visão, acho que o mínimo que a gente pode fazer é isso, retribuir as coisas que a gente vê que são necessárias.
Em Santos, também participamos daquela luta pelo Chorão Skate Park, em 2012 ou 2013, que teve toda aquela mobilização para poder manter o parque vivo e tudo. Então, tudo que faz bem para as pessoas, a gente, de alguma maneira, tem interesse de estar participando porque faz bem para a gente também.
COMO VOCÊ VÊ SANTOS NA HISTÓRIA DO DETONAUTAS?
Acho que o imaginário de Santos está totalmente conectado com a nossa geração dos anos 1990 por conta do Charlie Brown. É inevitável falar disso. O imaginário da gente com Santos, inevitavelmente, sempre vai estar ligado com essa relação.
É incrível de alguma maneira poder conversar, dialogar e vivenciar os espaços que a gente lia ou via na televisão quando a gente era adolescente em relação à banda. O Charlie Brown é uma banda que marcou a minha vida, até hoje tenho uma relação com o Thiago, Marcão, incríveis músicos que moram aí em Santos.
Acho que de alguma maneira o Detonauta se conecta com o Santos. É um lugar muito legal, que tem skate, surf, praia, sol, um astral foda. Além disso, tem uma galera que quando aparece no show do Detonautas arrebenta também.
O DETONAUTAS LANÇOU DOIS ÁLBUNS DURANTE A PANDEMIA, SOLTOU ALGUNS SINGLES, MAS AGORA TEM FOCADO NA TOUR DO SHOW ACÚSTICO DE 20 ANOS. SEGUIRÃO COM ESSE PROJETO NOS PRÓXIMOS MESES?
O nosso foco agora é fazer a turnê acústica do Detonautas, rodar o Brasil inteiro, inclusive esperamos poder passar por Santos com essa turnê. Ela é uma turnê com outra formação, palco diferente, mais músicos, tem cordas, um cenário completamente diferente do nosso repertório elétrico.
A gente tem, obviamente, ideias de no ano que vem lançar um outro projeto, mas ainda está sendo estudada a viabilidade dele.
Falando em lançamento de inéditas, não estamos preocupados com isso agora. A gente lançou dois álbuns de inéditas durante o período da pandemia, em 2021 e 2022. E em 2023 começamos a turnê do acústico, estamos em 2024, então não vejo muita necessidade de se preocupar com isso agora.
Mas se, porventura, também pintar alguma ideia, alguma coisa que seja relevante e a gente gravar, existe essa possibilidade. Temos esse modelo de lançar single ou EP, alguma coisa desse tipo.
VOCÊ É UM CARA MUITO ENVOLVIDO NO ROCK, MAS TAMBÉM TEM UMA CABEÇA MUITO ABERTA PARA NOVOS PROJETOS. O QUE VOCÊ ACHA QUE É NECESSÁRIO PARA O ROCK VOLTAR A TER FORÇA?
É muito difícil falar sobre isso, na verdade, a gente está falando de indústria. A indústria é um negócio, um business.
Quando você tem um investimento, por exemplo, na música sertaneja, a gente não está falando só de música e comportamento, cultura, a gente está falando de investimento, a gente está falando de dinheiro, de um setor específico que tenha um estilo de vida ligado à música sertaneja e investe muito forte nesse estilo. É uma música que tem valor, que representa a história de vida de muitas pessoas.
O rock também tem a sua característica, representa também o estilo de vida de muitas pessoas. É um estilo que se tornou uma leitura brasileira, porque não é originalmente nacional, mas o business ligado ao rock é muito diferente do business ligado ao sertanejo, por exemplo.
Acho que até para o que a gente tem de investimento em termos de mídia, empresas ligadas, o rock vem tendo bastante espaço, reconquistando bastante espaço. Mas precisa ter uma renovação, que não é possível se não houver espaço para as bandas novas, artistas novos não aparecerem.
E aí tem muito a ver com isso que você está falando também, se a gente não ver um movimento acontecendo lá fora, dificilmente ele começa num país que normalmente vai reproduzir o comportamento de um outro país.
A gente viu nos anos 1990 o grunge ser um movimento muito forte vindo lá de fora, depois nos anos 2000 a gente viu o nu metal. A gente sabe que tem alguns estilos, como o metal, que são permanentes, a gente viu o indie, por exemplo, que apresentou inúmeras bandas, um movimento mais nichado. Agora a gente está vivendo um movimento de nostalgia, da galera mais velha revivendo com gerações mais novas essas bandas dos anos 2000, 1990.
Mas acho que falta uma banda que traga para a gente uma nova tendência e tudo. Nesse modelo que a gente tem de streaming, fica difícil porque é nichado.
Então, você vai ver o Måneskin tocando em grandes lugares, fazendo shows grandes e tal, mas ele não atua como um movimento, não tem um movimento dentro do Måneskin. O Måneskin é uma banda de rock que faz sucesso no mundo todo, mas não é um movimento.
Acredito que para poder dar mesmo aquela porrada, a gente poder ver o negócio se mobilizando com a geração, com a molecada e tal, vai ter que surgir um novo movimento dentro do rock.
Isso vai depender de uma série de fatores que não consigo determinar quais são, é difícil de prever como é que vai se realizar, mas é necessário que haja um movimento mundial em torno disso.
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