14/03/2025

Cineastas da Marvel unem a humanidade e as máquinas no filme mais caro da Netflix

Por Davi Galantier Krasilchik e Gabriel Moreno/ Folha Press em 14/03/2025 às 20:14

Divulgação/ Netflix
Divulgação/ Netflix

Com um sorriso pintado à mão, um robô invade a casa de uma garota. Saído de uma animação infantil dos anos 1990, ele busca ajuda contra um temido inventor que deseja controlar toda e qualquer tecnologia. A protagonista vivida por Millie Bobby Brown suspeita que a aventura possa esclarecer o desaparecimento de seu irmão e os dois embarcam em uma jornada entre o homem e a máquina.

Se olharmos para tudo que a ficção já produziu, veremos que os dilemas entre humanos e seres mecânicos são bastante comuns. Do futuro imaginado em “Blade Runner” ao velho oeste construído em “Westworld”, a inteligência artificial tem aprofundado essa integração à frente e atrás das câmeras. A Netflix oferece sua resposta com “The Electric State”.

Para isso, foi necessária outra dupla, que já esteve à frente de batalhas pela salvação da humanidade, e muito dinheiro no bolso. Lançado nesta sexta-feira (14), o longa é a aposta mais cara da história da plataforma, com um orçamento de US$ 320 milhões, e a nova produção dirigida por Anthony Russo e Joe Russo.

Não é de agora que os cineastas trocaram os filmes da Marvel por títulos escolhidos a dedo, sob o selo do serviço de streaming. Na ressaca de “Vingadores: Ultimato”, quarto episódio que assinaram no universo audiovisual, os seus esforços se voltaram à produtora que fundaram em 2017, a AGBO.

A estreia dos Russo no catálogo aconteceu em 2020 com a produção de “Resgate”, filme de ação que põe Chris Hemsworth, o Thor das salas de cinema, para resolver o sequestro do filho de um criminoso internacional. Eles voltaram à direção em 2022 com o também custoso “Agente Oculto”, que teve seus US$ 200 mi superados por “The Electric State”.

Baseado no livro homônimo de Simon Stålenhag, a ficção científica imagina uma distopia em que robôs foram banidos para o “Estado Elétrico”, terra arrasada onde esperam o fim. Para impedir rebeliões, o magnata Ethan Skate, papel de Stanley Tucci, inventa um artefato que permite às pessoas interagirem com corpos robóticos.

Joe explica que o projeto surgiu da vontade de conscientizar seus filhos sobre a dependência em relação à tecnologia. Ele fala de aplicações da IA e cuidados necessários no processo.

“A inteligência artificial veio para transformar tudo. Mas precisamos lembrar que ela é um extraterrestre. Ela é estranha, pode produzir arte, mas não surgiu para isso. É necessário garantir que permaneça interligada ao homem, como qualquer outra ferramenta. A humanidade precisa estar no controle”, diz o diretor.

Além das produções cinematográficas, a trajetória dos Russo ainda é marcada por episódios de sitcoms como “Arrested Development” e “Community”. Entre piadas com guerras de paintball e capítulos reservados a conflitos pessoais, são séries de uma fase marcada por orçamentos menos robustos.

Apesar da distância entre os cenários da universidade comunitária que revelou o ator Donald Glover e a sociedade maquínica de “The Electric State”, os diretores explicam que o raciocínio para construir outros mundos permanece o mesmo: eles fazem rascunham, desenham, gravam e assistem o material num monitor de 8 polegadas ao lado do montador. Na TV ou no cinema, o trabalho coletivo não mudou.

Anterior à televisão, os Russo também citam a produção de seu primeiro filme, feito com empréstimos estudantis e muito suor. Lançado em 1997, “Pieces” teve sua estreia em um festival americano e encontrou na plateia um fã em particular: o cineasta Steven Soderbergh. O diretor é reconhecido por variar entre projetos experimentais e produções de estúdio com maior garantia de retorno financeiro.

“Soderbergh nos mostrou que não podíamos ficar restritos a filmes como ‘Pieces’. Foi graças a ele que começamos a evoluir de estudantes pretensiosos para profissionais maduros com mais disciplina sobre suas ideias’, afirma Joe em uma masterclass de divulgação para estudantes da FAAP, no Brasil.

Hoje, eles têm na AGBO uma forma de investir em sets ambiciosos e sonhos de novos artistas. Foi ao lado da A24 que a produtora lançou o vencedor do Oscar “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, que custou US$ 25 milhões. De certa forma, espelham a narrativa de “The Eletric State” ao unir sistemas automatizados e criações artesanais.

Nem por isso descartaram a chance de dirigir dois novos “Vingadores“, previstos para 2026 e 2027. “A ideia surgiu no momento ideal. Depois da pandemia, estamos ansiosos para sentar nas salas de cinema e talvez reencontrar a euforia que as pessoas sentiram com os últimos filmes”, eles dizem.

The Electric State

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Millie Bobby Brown, Chris Pratt e Woody Harrelson
  • Produção Estados Unidos, 2025
  • Direção Anthony Russo e Joe Russo
loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.