17/05/2024

Bravaguarda faz sucesso com mashups, mas avisa: "o autoral é o nosso carro-chefe"

Por Gustavo Sampaio em 17/05/2024 às 10:00

Pedro Knoll
Pedro Knoll

A banda Bravaguarda vem chamando a atenção nas redes sociais nas últimas semanas graças a um novo trabalho dos irmãos Dan e Gui Barreto, os mashups. A dupla inovou e começou essa onda no Instagram, triplicando o número de seguidores na rede social.

O mashup nada mais é do que a mistura de duas ou mais músicas diferentes em uma única canção. A Bravaguarda faz isso com uma música internacional e uma nacional.

Em entrevista ao Blog n’ Roll, Dan e Gui, os cabeças do Bravaguarda, falaram sobre essa nova experiência nos mashups, além dos próximos trabalhos autorais e relação dos irmãos.

Como surgiu a ideia de fazer esses mashups?

Gui: A gente estava conversando sobre como produzir mais conteúdo para o nosso público além das músicas autorais. Porque autoral é algo que demora pra você compor, para produzir a faixa e aí tem que mixar, fazer o clipe, isso demora muito tempo.

Agora, quando decidimos produzir conteúdo semanal, a ideia era que entregasse algo original e artístico, mas de alguma maneira fosse mais rápido, chegasse mais fácil para o público e que fosse algo que pudéssemos produzir em massa. Porque não pegar versões de músicas que a gente gosta e cantar, mas ainda assim seriam só covers, mas e se nós misturarmos músicas nacionais e internacionais, né? E aí acabamos chegando nisso.

Como funciona a curadoria dessas músicas e produção dos mashups?

Dan: No começo nós fechamos um código de ética aqui, para não viajarmos muito na maionese, mas até hoje a gente se cobra muito disso. Inicialmente, isso facilita o jogo sobre a galera que está conhecendo a banda, sobre quais influências da Bravaguarda consigo ver e entender que eles bebem um pouco desta fonte ou daquela fonte.

Foi um pouco por isso essa decisão de fazer os vídeos, fazer artistas que a gente gosta e que influenciam.

A regra até agora é sempre pegar uma música nacional, que a gente tem uma influência e que a gente curte. O coração do mashup é cantado em português para atrelar diretamente ao que a gente se propõe como banda autoral, que é cantar em português. Tem alguns mashups que a gente faz um pedacinho da música em inglês, mas ela não é o principal, o carro-chefe é a versão nacional e o arranjo normalmente vem da música gringa que a gente coloca.

Como a gente escolhe? As primeiras foram um pouco mais fácil, a gente tinha ideias na cabeça, não tínhamos a expectativa de viralizar tão rápido assim. Às vezes vem uma ideia do nada, tipo, estava em casa um dia ouvindo Walk on the Wild Side, do Lou Reed, e pensei a música que encaixaria. Dando uma fuçada no Spotify, ouvi a Baby, dos Mutantes, e achei que encaixava.

A gente tem essa curadoria, às vezes a música que você tá tentando encaixar é maior que a outra, aí vamos ajustar, tem que descer o tom de uma, mas a escolha é a parte divertida da coisa.

Essa que lançamos que é do Offspring com o Skank foi uma que um amigo nosso falou. Estávamos no Lollapalooza, andando no show do Offspring, e tava tocando Original Prankster. Ele começou a cantar Skank e encaixou. Então, essa vamos dar os méritos para o nosso brother, não fomos nós que pensamos.

Como é essa parceria de vocês dois fora das gravações?

Dan: Mais do que deveria né, Gui? A gente é irmão!

Gui: Foram muitos anos de brigas, hoje em dia não muito. Quando a gente era mais novo, a gente brigava muito mais. Hoje em dia temos uma relação saudável, mas a gente é muito amigo, quanto mais velho você fica, menos treta e bobeira tem.

Nossos amigos são os mesmos, então quando estamos trabalhando, estamos juntos, quando estamos em rolê, estamos juntos, então é super saudável. Isso até facilita pra gente se entender, sabemos os limites e dificuldades de cada um, os problemas que temos, a gente se ajuda. Essa proximidade só faz bem pra gente.

Nós éramos uma banda de quatro pessoas e com o tempo ficou só nós dois. Hoje em dia trabalhamos com outros músicos, mas quem administra a parada toda somos nós dois. A gente falou: “precisamos organizar nossas coisas profissionais, então organizamos um grupo que era só nós dois, que separamos as coisas profissionais e pessoais. Colocamos o nome do grupo de Brava Gallaghers.

Vocês têm como banda um álbum autoral, mas agora estão mais nos mashups. Esperam voltar para essa parte mais autoral no futuro?

Gui: Cruzaram as coisas, a gente estava trabalhando só autoral, trabalhamos autoral a carreira toda, esses mashups vieram pra gente trazer mais público e alcançar mais pessoas. No mês passado lançamos um EP autoral, que é um filme no YouTube, então nós nunca paramos de produzir autoral.

Dan: O lance do mashup foi muito o que o Gui falou no começo, a gente pensou em fazer alguma coisa pra dar uma movimentada e usar isso como isca pra galera conhecer nosso trabalho, porque a gente era mais um em centenas de milhares de banda que querem seu espacinho. A gente sabe das dificuldades e não basta você ser só uma banda legal, existem além de tudo toda essa parte tecnológica e algorítmica jogando contra e tem que saber jogar o jogo dentro dos seus princípios.

Foi algo que a gente achou que seria divertido pra gente, felizmente tá dando muito certo, mas o autoral é o nosso carro-chefe. Desde 2018, a gente sempre lançou coisas todo ano.

Pensam em apresentar esses mashups nos shows?

Dan: Sim, nós não podemos ser tão resistentes, precisamos saber jogar o jogo. Pode soar até meio estranho, mas é no sentido de você não abrir mão de alguns valores que você tem como artista, saber como funciona o mundo da música e conseguir jogar pra ficar bom pra você.

Já temos fechado alguns shows e vem chegando muitos convites. A gente vai mesclar as duas coisas. Aliás, a gente já lançou um mashup com as nossas próprias músicas, misturamos uma do Skank com uma nossa autoral. Nós vamos fazer isso também pra colocar na cabeça da galera que nosso som autoral está sempre lá.

Nossos shows vão ser com as autorais e vão ter outras músicas para compor, desde sempre colocamos alguns covers no show. Se até artistas grandes fazem isso, quem sou eu pra não cantar um cover no meu show? Isso favorece também a sua identidade musical, é natural o público conectar a Bravaguarda com essas bandas.

Cite três álbuns mais importantes para a Bravaguarda.

Gui: Um deles é o Abbey Road, dos Beatles, que é meu disco favorito deles. É uma banda que todos sabem da importância, e esse é o disco que chega no ápice de composições e arranjos.

Gosto muito do Foo Fighters e tem um disco que me inspira, mas não é o mais famoso, o Echo Silence Patience and Grace, que tem muitas faixas inspiradoras.

Por fim, vou ser clichê e citar o maior álbum de todos os tempos: Dark Side of the Moon, do Pink Floyd.

Dan: Não é o primeiro, mas um dos três concordo que seja o Abbey Road. Todo mundo que é fã de Beatles, sabe de tudo que veio depois deles na cultura pop. É um álbum que transcende, a quantidade de coisas que eles exploraram, a quantidade de músicas que tem ali, a forma das composições, não tem como não citar o Abbey Road.

Em seguida, citaria uma banda americana chamada Wilco, uma banda de rock alternativo que mistura um pouco de folk e country alternativo. Sou muito fã e acompanho, tenho todos os discos, já fui em vários shows. A primeira vez que escutei o álbum Sky Blue Sky, explodiu minha cabeça em relação ao tipo de som que eu fazia e compunha como jovem. Acho que se esse álbum não tivesse aparecido na minha vida, acho que não teria a Bravaguarda hoje.

Por fim, vou citar um álbum nacional, mas transpondo em como influenciaram a mim e a banda, o Ventura, do Los Hermanos. Acho um disco muito acima da média, apesar do Los Hermanos ser muito uma banda ame ou odeie, mas acho que como composição e arranjos, influencia muito a gente, me influenciou muito como compositor.

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