Batalha da Conselheiro completa dez anos com foco no social e lançamento de novos talentos 

Por Laura Andrade em 29/12/2025 às 06:00

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Embora a cultura das batalhas de rima tenha fincado raízes no Brasil em 2003, no Rio de Janeiro, foi em São Paulo que o movimento ganhou a força necessária para se pulverizar pelo país. Em Santos, esse legado é carregado pela Batalha da Conselheiro, que hoje ostenta o título de mais antiga em atividade na Baixada Santista.

Fundada em 21 de outubro de 2015, a batalha acontece semanalmente às quartas-feiras, às 20h45, no emblemático encontro da Avenida Conselheiro Nébias com o calçadão da praia do Boqueirão. O evento adota o dinâmico formato “bate e volta”, uma modalidade de duelo rápido onde um MC rima um verso curto (geralmente de quatro ou oito linhas) e o oponente responde imediatamente na mesma métrica, priorizando o raciocínio rápido e o ataque direto.

O que hoje é uma instituição cultural, nasceu de forma despretensiosa. Inicialmente, a edição visava apenas garantir uma vaga para que um representante local pudesse disputar o duelo regional de MCs, degrau necessário para as competições estaduais e nacionais. Na época, a ausência de batalhas semanais em Santos transformou o encontro na Conselheiro em um refúgio de expressão e diversão.

Com o tempo, o público, que hoje média entre 100 e 150 pessoas por semana, podendo chegar a 300 em edições especiais, passou a incluir não apenas moradores da região, mas também visitantes da Capital. Essa visibilidade transformou o calçadão em um verdadeiro “celeiro de talentos”. Entre os nomes lançados ali está o MC Saboó, hoje com reconhecimento nacional, e Pedro Trick, que iniciou seus improvisos aos 11 anos na Conselheiro e atualmente integra o elenco de uma das maiores produtoras de funk do país. A lista de crias da casa inclui ainda Grafiteh e Tubarão, ambos referências nacionais e campeões de duelos regionais.

Para Paulo Sérgio Dias Junior, fundador do projeto, a batalha cumpre um papel social que vai além da rima. O foco atual é garantir premiações em dinheiro e o custeio de transporte para os artistas.

“Acredito que isso é um dos maiores empecilhos que impedem grandes talentos de aparecerem”, afirma Paulo.

O impacto do projeto transborda para o campo social e humanitário. Entre as iniciativas planejadas para o futuro próximo estão a continuidade do projeto “+RAP-FRIO”, voltado à arrecadação de agasalhos, a retomada das trocas de livros no local e o lançamento do “Emprega RAP”, uma vitrine no Instagram oficial da batalha para divulgar vagas de emprego focadas na comunidade dos MCs.

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