16/09/2024

Avenged Sevenfold, no Rock in Rio, leva heavy metal millennial ao topo do festival

Por Lucas Brêda/Folhapress em 16/09/2024 às 08:34

Reprodução/Instagram @rockinrio
Reprodução/Instagram @rockinrio

Quando tocou no palco Mundo do Rock in Rio há 11 anos, o Avenged Sevenfold ouviu algumas vaias. A banda não agradava aos fãs mais puristas de Iron Maiden e Slayer, outras atrações do espaço no mesmo dia.

Na madrugada desta segunda (16), a banda americana voltou ao espaço, desta vez como headliner. Tocou no dia do rock desta edição de 40 anos do festival carioca, que teve também Paralamas do Sucesso, Planet Hemp, Evanescence e Deep Purple, e encontrou outro cenário.

A plateia não estava abarrotada, mas se espalhou até o fundo. E especialmente a turma do gargalo, mais perto do palco, estava mais animada do que em qualquer show deste domingo.

Menos conhecido que aquelas vacas sagradas de 2013, o show do Avenged Sevenfold marcou uma renovação na música pesada vista pelas lentes do Rock in Rio. Foi a chegada ao topo de um heavy metal heterodoxo deste século, menos refém dos maneirismos clássicos do gênero.

O som do Avenged é uma mistura millennial de quase tudo de rock mais pesado que passou pela MTV nos anos 1990 e 2000. Soa heavy metal, mas dialoga com o emo e hardcore, tem trejeitos de rock clássico, é melódico e cheio de refrões do pop rock, às vezes tudo isso numa única canção.

A banda, formada em 1999, e sucesso no fim dos anos 2000, sabe que carrega essa tocha. M. Shadows lamentou não ter visto o show do trapper Travis Scott dois dias antes no Rock in Rio.

“Meus filhos são muito fãs, eles estão aqui hoje e disseram, ‘pai, você sabe que seu show não vai ser tão bom quanto o do Travis Scott”, ele disse. “Temos que mostrar a essa molecada que o rock ainda arrebenta, vamos fazer as rodas e tudo mais.”

Nem precisava ter dito -os fãs já estavam fazendo as rodas de bate-cabeça desde o primeiro acorde, pulando e cantando os solos de guitarra.

O Avenged divulga o álbum “Life is But a Dream”, do ano passado, mas tocou músicas de todas as fases. Puxou a balada “Gunslinger”, que não vinha tocando, por pedidos dos fãs, segundo o vocalista. O coro no refrão ecoou pelo palco Mundo.

Também fugiram do roteiro da turnê para tocar “So Far Away”, talvez a música mais carregada de emoção da banda. Dedicada a todos que perderam alguém na plateia, ela é um tributo a The Rev, baterista que era um dos ícones do grupo e morreu aos 28 anos apos ter uma overdose de calmantes, em 2009.

Nem tudo foi celebrado, e o show teve momentos mais arrastados. As mais recentes, entre elas “Game Over”, “Mattel” e “Nobody”, em especial, não empolgaram a maioria do público. Em “Cosmic”, outra lançada no ano passado, já havia movimento de pessoas indo embora e sentando na grama sintética.

Mas a plateia se mostrou conhecedora dos sucessos da banda. Cantou junto na teatral “Little Peace of Heaven” e nas pesadas “Nightmare” e “Unholy Confessions”, quando multiplicou as rodas ao ponto de ter gente pulando em círculos até para solo de bateria.

O Avenged Sevenfold saiu do palco após pouco mais de 1h30 de show, deixando alguns hits fora do repertório. Deixou também a impressão de que o gênero que batiza o festival pode encontrar caminhos em palco e horário nobres sem soar mofado.

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