Alaíde Costa abre Santos Jazz Festival com homenagem a Milton Nascimento
Por Blog n' Roll em 25/07/2024 às 05:00
O Santos Jazz Festival inicia sua 12ª edição nesta quinta-feira (25), às 19h, com um concerto histórico de Alaíde Costa com a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos e dois jovens talentos da música brasileira, o baiano Tiganá Santana e a santista Monna. Juntos, eles farão uma homenagem à obra de Milton Nascimento.
Todos os shows do festival são gratuitos. No entanto, na abertura é necessário retirar antecipadamente os ingressos, na própria bilheteria do teatro (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida), nesta quinta-feira (25), às 10 horas, com limitação de dois ingressos por pessoa.
A Dama da Bossa Nova chega a Santos em ótima fase. Aos 88 anos, ela lançou recentemente o álbum E o Tempo Agora Quer Voar, segundo volume de uma trilogia iniciada em 2022 com o premiado O que meus Calos Dizem Sobre Mim.
Tanto quanto no álbum anterior, o novo trabalho traz músicas criadas especialmente para a voz tão pessoal de Alaíde Costa – desta vez, escritas por nomes como Caetano Veloso, Marisa Monte, Nando Reis, Rubel, Carlinhos Brown, Rashid e Ronaldo Bastos, entre outros.
Produzido mais uma vez pelo trio Marcus Preto, Pupillo e Emicida, E o Tempo Agora Quer Voar conta também com a participação especial da cantora Claudette Soares, amiga de Alaíde Costa há mais de 60 anos, em uma das faixas.
Aproveitando o lançamento do álbum e a apresentação no Santos Jazz Festival, Alaíde Costa conversou com o Blog n’ Roll sobre a carreira, Milton Nascimento, longevidade e o retorno a região.
Como está a expectativa para a abertura do Santos Jazz Festival? Você lembra da última vez que veio para Santos?
Estou muito animada para a abertura do Santos Jazz Festival. Santos é uma cidade encantadora e é sempre um prazer me apresentar aqui. Se não me falha a memória, minha última apresentação em Santos foi em 2021, com o José Miguel Wisnik para o show do disco O Anel, e voltar agora é uma grande alegria. Estou ansiosa para rever o público santista e compartilhar um pouco da minha música com todos.
O repertório será uma homenagem a Milton Nascimento. O que representa Milton para a música brasileira? Você guarda boas lembranças de parcerias com ele?
Milton Nascimento é um dos maiores tesouros da música brasileira. Sua obra é rica, profunda e tocante, e sua contribuição para a nossa cultura é inestimável.
Tive a honra de ser a única mulher a participar do álbum Clube da Esquina com a música Me deixa em paz e a parceria foi uma experiência única e inesquecível.
Também já gravei um álbum em homenagem a ele em 2008 chamado Amor Amigo e que contou com participação especial dele na faixa Viola Violar.
Milton tem uma sensibilidade rara e uma capacidade de emocionar que poucos artistas possuem. Guardarei sempre com carinho as lembranças das nossas colaborações.
Recentemente, você lançou E o Tempo Agora Quer Voar, o segundo volume de uma trilogia. Como surgiu essa ideia de gravar músicas de grandes compositores de épocas distintas?
Quando Marcus Preto apareceu com a ideia de fazer esses trabalhos comigo, e dizendo que o Emicida ia fazer as músicas, achei até um pouco estranho, pois o meu estilo é muito diferente do dele. Mas resolvi experimentar.
Logo ficou claro que seriam músicas feitas por compositores do meu universo, gente que sempre esteve nos meus discos, como Ivan Lins, Joyce Moreno e Gilson Peranzzetta, por exemplo. E Emicida faria as letras. Assim aconteceu e, conforme cada canção ia ficando pronta, entendi que elas tinham muito a ver comigo, com meu jeito de cantar.
Algumas eu transformei um pouco na hora de gravar, diminuí um pouquinho o andamento, para ficarem mais a minha cara. Pupillo e a banda foram muito importantes nesse momento.
Além desse repertório composto por Emicida e os parceiros, Marcus acabou trazendo músicas de jovens compositores que eu nem conhecia, como Rubel e Tim Bernardes. No geral, como tudo foi composto para a minha voz, não tive grandes problemas para interpretar.
Os três álbuns já estão gravados? O que podemos esperar com a conclusão desse projeto?
Falta o terceiro. E já temos parte do repertório encaminhado. Nando Reis, meu parceiro em Tristonho (do álbum O que Meus Calos Dizem Sobre Mim) e em Suave Embarcação (de E o Tempo Agora Quer Voar) já se prontificou a fazer mais uma comigo. Temos algumas melodias prontas na mão do Emicida.
O Francis Hime, por exemplo, fez uma chamada Valsa para Alaíde que é lindíssima! O Marcus está buscando outras, também combinando compositores de várias gerações. Em breve teremos novidades.
O tempo traz legitimidade. Você acredita que o seu reconhecimento é tardio? Ou sempre se sentiu valorizada?
Acredito que o reconhecimento é um processo que varia muito para cada artista. Ao longo da minha carreira, tive poucos momentos de grande visibilidade e outros de menor destaque que foram a maioria, mas sempre me senti valorizada pelo meu público, que acompanha o meu trabalho. O importante é continuar fazendo música com amor e dedicação.
O reconhecimento da mídia e do público aos 88 anos me enche de alegria e gratidão por eu receber essas homenagens ainda em vida, o que não ocorreu com o meu amigo Johny Alf.
O que mais motiva você a seguir com shows e gravações?
A minha maior motivação é o amor pela música e a conexão com o público. Cantar e gravar são formas de expressar meus sentimentos e de compartilhar histórias e emoções. A energia que recebo das pessoas durante os shows é incrível e me dá forças para continuar.
Além disso, cada novo projeto é um desafio e uma oportunidade de crescimento artístico.
Qual você acredita que seja a sua principal marca na história da música nacional?
Acredito que minha principal marca na história da música nacional seja a busca constante pela qualidade e pela autenticidade. Sempre procurei ser fiel ao meu estilo e às minhas emoções, cantando com o coração e escolhendo um repertório que me tocasse profundamente.
Espero ter contribuído para a nossa música com interpretações sinceras e emocionantes, e que minha trajetória inspire outros artistas a seguir seus sonhos com paixão e dedicação sem ceder às concessões da indústria fonográfi