Dois grupos estrangeiros disputam leilão do túnel Santos-Guarujá nesta sexta; veja detalhes
Por Agência Brasil e Santa Portal em 05/09/2025 às 05:00
Dois grupos estrangeiros apresentaram propostas para participar do leilão da construção do túnel Santos-Guarujá, que acontece nesta sexta-feira (5), a partir das 16h, na B3, sede da bolsa de valores de São Paulo. As empresas concorrentes para tirar o “projeto de 100 anos” do papel são a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil.
Os nomes dos concorrentes pela execução de um dos maiores e mais complexos projetos de infraestrutura da América Latina foram publicados em ata no site da Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado (SPI).
A Acciona é atualmente responsável pela execução das obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. Já a Mota-Engil assinou recentemente um contrato com a Petrobras para a execução de serviços nos sistemas submarinos de plataformas offshore.
A concessionária vencedora do leilão, que foi mantido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), apesar da representação apresentada pelo Ministério Público pedindo sua suspensão, ficará responsável pela construção, operação e manutenção do túnel por um período de 30 anos.
Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto contará com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, dividido igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal. O restante será financiado pela iniciativa privada.
Túnel
Idealizado desde o início do século 20, o projeto de ligação seca entre as duas margens do Porto de Santos foi elaborado há 15 anos, durante a gestão do então governador de São Paulo, hoje vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). O projeto recebeu a primeira licença ambiental, o que permitiu a celeridade da atual retomada do processo.
O túnel Santos-Guarujá será a primeira travessia submersa do Brasil e terá 1,5 quilômetro de extensão. Desse total, 870 metros serão imersos, com módulos de concreto pré-moldados instalados no leito do canal portuário.
A obra contará com três faixas de rolamento em cada sentido, sendo uma delas adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, espaço para pedestres e galeria de serviços. O projeto já possui licença ambiental prévia da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), emitida em agosto de 2025.
Segundo o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), apresentado em julho de 2024, o túnel pretende solucionar um gargalo histórico de mobilidade entre os dois municípios.
Diferentemente dos túneis escavados em profundidade, como os de metrô, a obra será composta por módulos de concreto pré-moldados. Produzidos em uma doca seca, eles serão flutuados até o local e, em seguida, submersos e encaixados no leito do canal portuário com precisão milimétrica e reforço de camadas de lastro.
Modos de travessia
Atualmente, existem dois principais modos de travessia: o trajeto de 43 km pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni, utilizado por veículos comerciais, com tempo médio de 60 minutos; e o sistema de balsas e barcas, usado por pedestres, ciclistas e veículos leves, com tempos de travessia que variam de 18 a 60 minutos, dependendo das condições operacionais do porto.
Segundo o governo paulista, mais de 28 mil pessoas cruzam diariamente as duas margens utilizando barcos de pequeno porte (catraias, destinadas apenas a pedestres) ou as balsas. Com o túnel, o tempo de travessia deve cair para cerca de dois minutos.
A construção deve desafogar o atual sistema de travessias, aliviar o tráfego na Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) e aumentar a capacidade de escoamento do Porto de Santos, que enfrenta congestionamentos frequentes.
Para o meio ambiente, a implantação da ligação será decisiva, com a redução de 70 mil toneladas de CO₂ por ano, ao encurtar o percurso de 45 km (5 mil caminhões/dia) para apenas 960 metros.
Porto de Santos
O Porto de Santos também ganhará em competitividade, com o aumento da segurança da navegação, que não terá mais o cruzamento dos cargueiros com as balsas de ligação urbana. A expansão das operações portuárias será beneficiada, com acréscimo de áreas na margem esquerda.
De acordo com a Autoridade Portuária de Santos (APS), além de outras melhorias diretas à população e à economia nacional, a construção do túnel chega em um momento estratégico, com a implantação do maior terminal de contêineres do complexo, o Tecon Santos 10, com capacidade de 3,5 milhões de TEUs, que colocará Santos entre os 20 maiores portos do mundo.
A APS atua como interveniente e articuladora da comunidade local, aprovando previamente e mitigando impactos regionais e operacionais. “Foram cem anos de debates, de projetos, de sonhos interrompidos e retomados. Cem anos em que homens e mulheres dedicaram suas vidas para que este momento fosse possível”, afirma o presidente da APS, Anderson Pomini.
Empregos
Para o governo federal, o túnel deve “transformar a mobilidade urbana, estimular a economia local e melhorar diretamente a qualidade de vida das mais de 720 mil pessoas que vivem nessas duas cidades”. O governo também destaca que a obra tem potencial de gerar aproximadamente 9 mil empregos diretos e indiretos, tanto na fase de construção quanto na operação do túnel.
“O túnel Santos–Guarujá é uma das obras mais emblemáticas do Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e marca um novo tempo para a mobilidade urbana e a infraestrutura do Brasil, que agora se torna realidade com o esforço conjunto dos governos federal e estadual. Essa obra vai encurtar distâncias, gerar empregos, fortalecer o turismo, dinamizar a economia local e ampliar a eficiência logística do Porto de Santos”, avalia o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.